O ano do 50.º aniversário da Hello Kitty trouxe consigo novas surpresas para os fãs da famosa personagem. A novidade já tem mais de dez anos mas muitos não se aperceberam disso. Agora, é decididamente público: a personagem apesar de ter orelhas e bigodes, não é uma gata. E não é japonesa.

De acordo com declarações da vice-presidente sénior de marketing da Sanrio, “Hello Kitty não é uma gata, mas uma rapariga”. Mas as revelações não ficaram por aqui. Falando no programa Today da NBC, Jill Koch afirmou que a menina que inspirou a personagem “nasceu e cresceu nos subúrbios de Londres com a sua irmã gémea Mimmy e os seus pais e gosta de cozinhar bolinhos e de fazer novos amigos”.

No programa, Koch deu ainda pormenores sobre Kitty:  “Pesa três maçãs, tem cinco maçãs de altura e tem um namorado chamado Daniel” além de ter um gato, o Charming Kitty. A representante também falou sobre o suposto objetivo da criação da personagem. “Espalhar amizade, a bondade e a inclusão” — algo que descreveu como uma parte crucial para se “transcender fronteiras, línguas e culturas”.

Apesar do debate sobre as origens do desenho animado não ser propriamente novo, as surpresas geraram uma onda de comentários de vários fãs nas redes sociais, em defesa da antiga definição de Kitty. Um deles escreveu no X: “É uma gata e nada me fará mudar de ideias“, algo que outro concordou “pela minha sanidade mental e infância, mantenho-me fiel a isso“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na mesma rede social, outro utilizador de uma forma mais veemente escreveu: “Nunca vi um ser humano com bigodes e orelhas de gato na vida real. ISTO É UM GATO E EU NÃO VOU SER ENGANADO DESTA MANEIRA!!!”

A identidade de Kitty já tinha sido revelada em 2013. No livro “Pink Globalization: Hello Kitty’s Trek Across The Pacific”, a antropóloga da Universidade do Havai Christine R. Yano escreveu que o desenho animado foi de facto uma menina, noticiou o jornal norte-americano Los Angeles Times um ano depois. No livro, Yano também descreve que a menina era do signo Escorpião e adorava tarte de maçã.

Quanto ao seu sucesso, a antropóloga afirma que se “deve ao facto de o seu desenho ser pouco nítido. As pessoas veem a possibilidade de uma série de expressões. Podemos dar-lhe uma guitarra, podemos pô-la em palco, podemos retratá-la como ela é. Essa simplicidade dá-lhe um atrativo especial. Essa simplicidade dá-lhe um apelo a tantos tipos de pessoas”.

Este design da personagem surgiu em 1974 pelas mãos de Yuko Shimizu, uma funcionária da Sanrio, através da inspiração num gato branco que recebeu como presente de aniversário. Nesse mesmo ano, a boneca foi lançada no Japão — primeiro como um porta-moedas para crianças  — tendo depois chegado aos Estados Unidos passado dois anos. Desde há vinte anos, é Yuko Yamaguchi quem está encarregue do design de todos os produtos “Kitty”, depois de ter substituído Shimizu.

Nos anos que se seguiram, a “menina-gato” transformou-se num fenómeno global, com brinquedos, peças de vestuário e desenhos animados a baterem recordes de vendas. Até ao momento, os produtos já geraram mais de 80 mil milhões de dólares (cerca de 73.8 mil milhões de euros) à empresa de entretenimento japonesa. Só no ano passado, a Sanrio lucrou mais de 4,5 milhões de euros com a marca.