Com gritos de “Até ao fim” milhares de venezuelanos foram esta segunda-feira para as ruas rejeitar os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que deram a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais de domingo.
Os protestos começaram em várias regiões do interior do país, entre elas o estado de Falcón, onde na Plaza Chávez de Las Eugénias, dezenas de manifestantes estavam a tentar derrubar uma estátua do falecido líder socialista, Hugo Chávez, que presidiu o país entre 1999 e 2013.
???? ÚLTIMA HORA: Derrumban estatua del fallecido dictador Hugo Chávez en el estado Falcón.
¡Qué viva Venezuela libre! pic.twitter.com/Hw7FtMLKtY
— Emmanuel Rincón (@EmmaRincon) July 29, 2024
Em La Isabelica, Valência, Estado de Carabobo (centro-norte do país) centenas de pessoas, entre as quais dezenas de motociclistas saíram às ruas para protestar contra os resultados.
Na autoestrada que liga Caracas ao vizinho estado de La Guaira (norte) populares colocaram pneus em chamas impedindo a circulação.
Por outro lado, na zona leste da cidade de Caracas, no bairro pobre de Petare, tido como o maior da América Latina, várias pessoas, algumas delas encapuzadas, saíram às ruas gritando palavras de ordem contra Nicolás Maduro, tendo destruído alguns dos seus cartazes da campanha.
LIBERTAD!!!@PCdeChile @marcoporchile @KarendTV @karina_ol
Son parte del dolor de un pueblo… destrucción y miseria. #MaduroDictador
Venezuela Caracas Maracaibo pic.twitter.com/54XugNKJs3
— Iv (@Iv_U_2021) July 29, 2024
Centenas de manifestantes, a pé e em motocicleta, foram desde o centro de Petare até aos galpões dos armazéns do CNE em Mariche, gritando e cantarolando “vai cair. Este Governo vai cair” e “vamos até ao fim”, diziam os manifestantes a gritos.
Ainda em Caracas, no bairro pobre de El Cementério, os manifestantes expulsaram do sítio vários funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (PNB, polícia militar), enquanto gritavam “covardes (…) não saíram a defender o país”.
"Los barrios", 4 pelagatos que ya quitaron de donde perturbaban el libre tránsito.
Cuando a Chávez lo secuestraron en el 2002, de esos barrios bajaron cientos de miles de venezolanos, dejen de manipular a los que no conocen la historia y movimientos sociales en Venezuela. https://t.co/B2EHYwL8iX— Te informo (@Contramassmedia) July 29, 2024
Apesar da chuva, em Los Teques (30 quilómetros a sul de Caracas), centenas de pessoas marcharam em protesto desde a Avenida Independência até La Matica, em rechaço aos resultados eleitorais.
Por outro lado, em Maracaibo, no estado de Zúlia, oeste do país, as forças de segurança dispersaram vários manifestantes com gás lacrimogénio, segundo vídeos divulgados pelas redes sociais.
MANOOOOO
El Calvario
A Dos cuadras de Miraflores
5:20PM#VenezuelaLibre pic.twitter.com/LO9tkfebUL— Coco ???? Cripto Arqui ???????? (@CriptoArqui) July 29, 2024
Em Arágua, a 100 quilómetros de Caracas, centenas de populares concentraram-se junto da base Aérea Libertador
À medida que as manifestações decorrem e os manifestantes percorrem as ruas, ao aproximar-se as peças tocam, em apoio, tachos e vuvuzelas desde as janelas.
Atención. En estos momentos el pueblo de Venezuela esta comenzando a llegar a la base aérea militar El Libertador, la más grande del país, en Aragua. Masiva protesta en la entrada a la base.
Militares, hagan lo correcto y acompañen al pueblo. pic.twitter.com/tpAKuBfG8b
— Agustín Antonetti (@agusantonetti) July 29, 2024
Os protestos têm lugar depois de o Procurador-geral da Venezuela, Tareck William Saab advertir que “poderiam ser penalizados com cárcere” os cidadãos que venham a ser acusados de violência ou que recusem os resultados anunciados pelo CNE que deram a vitória de Nicolás Maduro.
“Alertamos para o facto de os atos de violência e os apelos poderem ser enquadrados como crimes de incitamento público. Com uma pena de três a seis anos de prisão”, afirmou num discurso transmitido pelas televisões locais.
Tareck William Saab explicou ainda que o Ministério Público da Venezuela iniciou uma investigação contra os opositores María Corina Machado, Leopoldo López e Lester Toledo, por alegado envolvimento num ataque contra o sistema de transmissão de dados do CNE que teria como propósito alterar os resultados das eleições presidenciais.
#ATENCIÓN Hombres vestidos de civil quedan grabados disparando contra los manifestantes a escasos metros de Miraflores #Caracas https://t.co/VmO2AagmYh pic.twitter.com/BvpBWz0UdD
— NTN24 Venezuela (@NTN24ve) July 29, 2024
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.
Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos para o candidato da oposição. Edmundo González Urrutia obteve 70% dos votos, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.