O número de mortos nos deslizamentos de terra ocorridos na terça-feira de manhã no sul da Índia subiu para 150, segundo as autoridades locais, que receiam que centenas de pessoas estejam soterradas.

Chuvas torrenciais causaram torrentes de lama e água que varreram propriedades de chá e aldeias, nas zonas montanhosas do distrito de Wayanad, no estado de Kerala, na madrugada de terça-feira, arrasando casas, arrancando árvores e destruindo pontes.

Os socorristas estavam esta terça-feira a trabalhar para retirar as pessoas presas debaixo da lama e dos escombros, mas os seus esforços foram dificultados por estradas bloqueadas e terrenos instáveis. As autoridades ainda não determinaram a dimensão total da catástrofe.

O gabinete do ministro das Finanças do estado de Kerala, Krishnankutti Rajan, declarou a imprensa que os 150 corpos tinha sido recuperados pelas 00h00 desta quarta-feira (18h30 de terça-feira em Lisboa). O balanço anterior dava conta de 122 mortos.

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Mais de 3.000 pessoas foram recebidos em centros de socorro na zona, depois de o estado costeiro de Kerala ter sido atingido por chuvas torrenciais, que bloquearam as estradas, dificultando as operações de socorro.

Vijayan não especificou quantas pessoas estavam desaparecidas ou presas sob os escombros.

A agência de gestão de catástrofes de Kerala declarou prever novas chuvas acompanhadas de ventos violentos para quinta-feira.

“Cento e vinte e oito pessoas estão a ser tratadas nos hospitais. (…) Esta é uma das piores catástrofes naturais que o nosso estado já viu”, referiu anteriormente o ministro-chefe do estado de Kerala, Pinarayi Vijayan.

Os meios de comunicação social locais referiram que a maior parte das vítimas eram trabalhadores de propriedades de chá.

Imagens televisivas mostraram as equipas de salvamento a abrirem caminho através da lama e de árvores desenraizadas para chegarem às pessoas que tinham ficado retidas.

As autoridades mobilizaram helicópteros para ajudar nos esforços de salvamento e o exército indiano foi chamado para construir uma ponte temporária.

Estamos a tentar de todas as formas salvar o nosso povo”, afirmou a ministra da Saúde, Veena George.

Numa publicação na rede social X, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse estar “angustiado com os deslizamentos de terras em partes de Wayanad”, um distrito montanhoso que faz parte da cordilheira de Ghats Ocidental.

“Os meus pensamentos estão com todos aqueles que perderam os seus entes queridos e as minhas orações com os feridos”, escreveu Modi, que anunciou uma indemnização de 200.000 rupias (2.210 euros) para as famílias das vítimas.

O líder da oposição indiana, Rahul Gandhi, que representou o distrito de Wayanad no Parlamento indiano na anterior legislatura, descreveu a escala da devastação como “de partir o coração”.

“O nosso país tem assistido a um aumento alarmante dos deslizamentos de terras nos últimos anos” e “há uma necessidade urgente de um plano de ação abrangente para lidar com a frequência crescente das catástrofes naturais”, acrescentou.

O departamento meteorológico indiano colocou Kerala em alerta e o estado tem sido fustigado por chuvas incessantes, que deverão continuar ao longo do dia.

Kerala, um dos destinos turísticos mais populares da Índia, é propenso a fortes chuvas, inundações e deslizamentos de terras. Quase 500 pessoas foram mortas no estado em 2018, numa das piores inundações.

A Índia regista regularmente inundações graves durante a estação das monções, que decorre entre junho e setembro e que produz a maior parte da precipitação anual do Sul da Ásia. As chuvas são cruciais para as culturas de sequeiro plantadas durante a estação, mas causam frequentemente danos consideráveis.

Segundo os cientistas, as monções estão a tornar-se mais irregulares devido às alterações climáticas e ao aquecimento global.

Notícia atualizada às 11h55 do dia 31 de julho de 2024