“Preocupado, mas sem querer preocupar as pessoas”. É assim que Carlos Moedas descreve o sentimento que tem sobre a segurança em Lisboa. Em entrevista ao Diário de Notícias, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa assegura que a capital “continua a ser uma cidade segura, apesar de estar mais insegura”. “Hoje está provado que há mais crime e muitas pessoas acabam por não fazer queixa”, assegura, sem apresentar dados concretos que provem o alegado aumento da criminalidade.
Moedas garante que foi, desde o primeiro momento, “contra o fecho das esquadras”, medida criada para promover a circulação dos polícias na rua. “A pessoa não tem as esquadras e também não vê a polícia na rua. Pedi mais 200 polícias municipais e só recebi 25“, criticou, adiantando que está à procura de locais, em conjunto com o presidente da Junta de Santa Maria Maior, para criar uma nova esquadra na Mouraria.
O autarca da freguesia, o socialista Miguel Coelho, organizou uma sessão pública para alertar para a “degradação” da zona. Na reunião, que juntou vários representantes locais, debateram-se os “assaltos, vandalismo, ocupações, tráfico e consumo à vista de todos, tentativas de violação, agressões e homicídios”.
Na entrevista, em que fez um balanço do mandato que começou em 2021, Moedas diz ter lutado muito para uma mudança no panorama da segurança na cidade. “Por exemplo, em termos de habitação, já consegui arranjar 40 lugares para polícias viverem em Lisboa, até nos nossos bairros municipais. Em cada concurso que abro tento dar lugar à polícia, porque eles têm salários muito baixos e precisam de sítios para viver”, revelou.
Moedas não confirma recandidatura e prevê bloqueios da oposição em ano de autárquicas
Questionado sobre uma esperada recandidatura à presidência da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas não dá certezas e mostra-se focado no atual mandato. “Não lhe respondo a essa pergunta exatamente porque eu penso na política. Quando a pessoa está num mandato, está a trabalhar num mandato”, respondeu na entrevista publicada esta terça-feira.
“Há políticos que estão sempre a pensar o que é que vão ser a seguir. Eu, neste momento, estou focalizadíssimo e portanto não vou nem fazer anúncios, nem dos próximos anos, nem nada”, garantiu, mostrando-se incomodado com as discussões que considera prematuras sobre as próximas eleições autárquicas. “Até daqui a um ano ainda é muito tempo, portanto teremos tempo para falar sobre esses temas”, aponta.
Quase a fazer três anos à frente da autarquia de Lisboa e em vésperas da pré-campanha das eleições autárquicas de 2025, Carlos Moedas destacou as dificuldades de exercer o cargo executivo “em minoria“, já que a coligação “Novos Tempos” por si liderada reúne apenas sete dos 17 mandatos da vereação da capital.
Mesmo assim não tem dúvidas do sucesso que teve em “realizar medidas que deixam marca na cidade”. “São medidas, muitas delas, de caráter social, como é o caso do Plano de Saúde, em que já temos quase 13 mil pessoas, com as clínicas que começámos a fazer, que mudam realmente a vida das pessoas”, afirmou. Nas redes sociais, o autarca divulga o slogan “Fazer Lisboa” enquanto marca do seu mandato.
Além dos avanços no Plano Geral de Drenagem da cidade, Moedas destaca a “redução para metade o número das trotinetas” e garante estar a caminho de fazer o mesmo com os tuk-tuks. A autarquia anunciou no final de julho que pretende diminuir para metade, dos atuais 500, o número de veículos deste tipo habilitados a estacionar no espaço público na cidade. A formação dos condutores dos tuk-tuks passa também a ser obrigatória.
Lisboa vai limitar estacionamento de tuk-tuks e tornar licenciamento obrigatório
“Olho para estes três anos com o sentimento de que realizei muito mais do que aquilo que eu pensava que poderia realizar em minoria. Também há muitas frustrações de coisas que não aconteceram por bloqueio da oposição e que eu penso que no próximo ano ainda vai acentuar-se devido à guerra política”, antevê Moedas.