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O ministro das Finanças israelita defendeu esta segunda-feira o bloqueio israelita em Gaza, que impede a entrada de alimentos e equipamentos médicos no enclave. Bezalel Smotrich defendeu que esta é a única forma de recuperar os reféns e criticou um possível acordo com o Hamas.
“Nós deixamos entrar ajuda porque não temos escolha. Não podemos, na realidade global atual, gerir uma guerra. Ninguém nos deixa matar dois milhões de civis à fome, mesmo que seja justificado e moral, até os nossos reféns regressarem“, justificou o ministro de extrema-direita.
As declarações foram proferidas durante uma conferência anual, organizada pelo jornal Israel Hayom, em que Smotrich também aproveitou para criticar o acordo de novembro e os protestos organizados pelos familiares dos reféns, que se multiplicam pelo país, exigindo ao executivo de Netanyahu um acordo.
“Temos uma responsabilidade, queremos trazer os reféns de volta, mas um acordo só ia devolver alguns e selar o destino da maioria como prisioneiros em Gaza”, considerou, acrescentando que o acordo que está a ser discutido neste preciso momento é vantajoso para o Hamas e “mancha as conquistas da guerra [para Israel]”.
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Sobre a trégua de novembro, que permitiu o regresso a casa de 105 dos 251 israelitas raptados no 7 de outubro, classificou-a como um mau acordo, afirmando que este foi feito sob pressão e que beneficiou o Hamas, mais do que Israel.
Já aos manifestantes, acusou-os de serem “pessoas irresponsáveis que durante meses enfraqueceram a posição israelita e atacaram o governo e o seu líder e o exército com demonstrações imprudentes”.
“Humanitarismo em troca de humanitarismo é moralmente justificado — mas o que é que podemos fazer? Vivemos numa certa realidade e precisamos de legitimidade internacional para esta guerra”, prosseguiu, num discurso citado pelos media israelitas.
O bloqueio israelita — que se prolonga desde maio, quando Israel tomou controlo de toda a fronteira sul, em Rafah — interrompeu a entrada de ajuda humanitária em Gaza e impediu a entrada dos camiões com alimentos e medicamentos. Várias organizações internacionais, como os Médicos sem Fronteiras ou a Human Rights Watch, assim como os Estados Unidos, já apelaram ao fim deste bloqueio,
Os mandados de captura do Tribunal Penal Internacional contra Netahyahu e Gallant por crimes de guerra — emitidos em maio — descreviam precisamente a utilização da “fome como método de guerra, incluindo a negação de provisões de ajuda humanitária”.
Antes disso, o Tribunal Internacional de Justiça já se tinha pronunciado sobre a necessidade de ajuda humanitária em Gaza, quando deu razão à acusação sul-africana de genocídio. Em janeiro, a mais alta instância jurídica das Nações Unidas instou Israel a tomar “medidas imediatas e eficazes para permitir que sejam providenciados os serviços básicos e assistência humanitária para sobreviver as condições de vida adversas que os palestinianos na Faixa de Gaza enfrentam”.
Estas declarações de Smotrich que, no enquadramento legal do TPI e do TIJ se definem como “incitamento a crimes de guerra e ao genocídio”, não são as primeiras. Em abril, o ministro de extrema-direita apelou “à aniquilação total” das cidades em Gaza, dizendo que “não há meias medidas”, como lembra o jornal Haaretz.
Para além de Gaza, o ministro das Finanças também proferiu palavras polémicas sobre a Cisjordânia. Depois de uma outra declaração do TIJ, que reconhece uma ocupação israelita ilegal dos territórios palestinianos, Smotrich apelou a uma anexação oficial da Cisjordânia.