O PCP evocou esta terça-feira os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagásaqui apelando ao combate contra a “campanha de propaganda do militarismo e da guerra” e acusando os Estados Unidos de serem responsáveis pelo agravamento da situação internacional.

Em comunicado, o PCP recorda que, em 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagásaqui, “que provocaram de imediato cerca de 200 mil mortos e deixaram um inenarrável rasto de destruição e sofrimento”.

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Um crime monstruoso contra a Humanidade que absolutamente nada pode justificar, mas que os Estados Unidos da América (EUA) procuraram desculpar com o falso argumento de derrotar o Japão, quando o Japão já estava militarmente derrotado”, refere o partido.

O PCP salienta que, ao recordar os dois bombardeamentos, está a alertar “para a perigosa situação criada pela política militarista, armamentista e de confrontação conduzida pelos EUA, incluindo no âmbito do armamento nuclear, arrastando nessa deriva a NATO, a União Europeia e os seus aliados do G7”.

“É o que se verifica em relação ao próprio Japão que, violando frontalmente a Constituição pacifista que resultou da derrota do militarismo japonês na Segunda Guerra Mundial, participa ativamente no alargamento da influência da NATO à Ásia-Pacífico, e nas cada vez mais frequentes e perigosas operações militares nesta região dirigidas contra a República Popular da China”, refere-se.

Para o PCP, “recordar o holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasáqui é um dever de memória, mas é sobretudo ocasião para afirmar o imperioso dever de lutar para que semelhante tragédia jamais se repita”.

“É necessário defender a verdade histórica e combater firme e corajosamente a avassaladora campanha de propaganda do militarismo e da guerra, de normalização do fascismo e mesmo de banalização do recurso à arma nuclear”, defende.

O PCP acrescenta que “é necessário persistir no desmascaramento do imperialismo norte-americano que, a partir do pretexto da denominada defesa da civilização ocidental, pretende impor ao mundo a sua hegemonia totalitária e que, tendo sido até hoje o único país que recorreu ao uso da arma nuclear, é o responsável pelo agravamento da situação internacional e pelo real perigo de uma guerra de incalculáveis proporções”.

O partido sustenta que “a guerra não é inevitável” e diz confiar que “o desenvolvimento da luta libertadora dos trabalhadores e dos povos, contra o militarismo e a guerra, pela solução política dos conflitos, pela paz, triunfará”.

O PCP considera que “Portugal pode e deve dar uma importante contribuição para o desarmamento geral, simultâneo e controlado — incluindo para a abolição das armas nucleares —, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva”.

“Lutando pela rutura com décadas de política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, o PCP tudo fará para a concretização desse objetivo”, acrescenta o partido.

Em 6 de agosto de 1945, às 8h15, o avião B-29 Enola Gay da Força Aérea dos EUA largou o Little Boy, nome com que os Estados Unidos batizaram a primeira bomba nuclear lançada contra um alvo inimigo, na cidade japonesa de Hiroshima.

A bomba tinha uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT e explodiu a cerca de 600 metros acima do nível do mar, causando a morte imediata de cerca de 80 mil pessoas.

O balanço mortal aumentou para perto de 140 mil até ao final de 1945, embora o número exato de vítimas causadas pelo bombardeamento e os efeitos subsequentes da radiação sejam desconhecidos.

Em 9 de agosto de 1945, três dias após o ataque a Hiroshima, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, levando à rendição do Japão, seis dias depois, e pondo fim à Segunda Guerra Mundial.

As duas cidades japonesas permanecem até hoje os únicos alvos de bombardeamentos nucleares contra alvos civis na história da humanidade.