Cinco Jogos Olímpicos e cinco medalhas. As cinco de ouro. Um feito que não foi conseguido nem por Carl Lewis, nem por Kate Ledecky, nem por Simone Biles e nem mesmo pelo nadador Michael Phelps. É de Cuba que chega este feito. E é à luta greco-romana que se deve o registo. Mijaín López é pentacampeão olímpico, o único a conseguir a marca num desporto individual.

É já apelidado de “o maior wrestler de todos os tempos”. O lugar já era seu, reforçado com o combate desta terça-feira de peso-pesado (até 130kg) na luta greco-romana em que derrotou Yasmani Acosta por 6-0. Yasmani Acosta nasceu em Cuba mas em 2015 aproveitou um combate no Chile por Cuba para ficar no país do qual agora defende as cores. A decisão de Acosta para ficar no Chile, relatada em vários jornais chilenos, foi uma — toda a prioridade de Cuba ia para Mijaín López, o que não permitia a Acosta ir a algumas das grandes competições.

Segundo contou: “Via-me limitado por Mijaín. É meu amigo, mas era sempre ele que ia às competições importantes. O que me impedia de avançar na minha carreira desportiva. Decidi tomar uma decisão”, declarou. O papel secundário na equipa cubana determinou que num combate no Chile decidisse ficar por esse país, e não voltou a Havana, o que levou o regime a considerá-lo desertor. A decisão não foi no entanto fácil. Angústia e incerteza foi o que ia na sua cabeça momentos antes. “Assustado e com frio, saiu o hotel ontem estava a delegação, telefonou a um amigo chileno, o lutador Andrés Ayub, apanhou um táxi e fechou uma porta da sua vida”, relata o El País. Sem conseguir treinar ou trabalhar, porque estava ainda ilegalmente no Chile, acabou por encontrar tarefas como guarda-costas e porteiro de discotecas para ganhar dinheiro e à espera que a Federação de Luta conseguisse ajudá-lo. A nacionalidade chilena acabou mesmo por ser concedida pelo Congresso em 2018.

No Chile chegou a morar com a sua mãe mas, segundo o El País, não resistiu ao frio de Santiago e acabou por ir morar com o filho mais velho em Espanha.

Acosta ficou, sempre, à espera do momento para enfrentar o mentor. Em Tóquio ficou em quinto. Em Tóquio López conquitou a quarta medalha de ouro na categoria. Ficou à espera de Paris, em 2024. E a final foi mesmo deles. Com a vitória do de sempre.

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Depois de um quinto lugar na estreia olímpica em Atenas 2004, seguiram-se ouros consecutivos para López em Pequim 2008, Londres 2012, Rio de Janeiro 2016 e Tóquio 2020, superando a marca do russo Aleksandr Karelin, tricampeão olímpico da modalidade.

Uma vitória que chega com outro marco. Mijaín López, 41 anos (fará 42 a 20 de agosto), descalçou os ténis pretos no final do combate. Foi a sua forma de dizer que arruma as botas. O El Terrible deixa, agora, a porta aberta para o seu ex-colega com quem agora partilha um pódio. Mas enquanto Acosta receberá a prata, López ficará no lugar mais cimeiro, como sempre.