São um pouco menos sombrias as expectativas de resposta às grávidas da área de Lisboa nos próximos dias. Dois hospitais que teriam o serviço de urgência de Obstetrícia completamente encerrado este fim de semana (o Garcia de Orta, em Almada, e o São Francisco Xavier, em Lisboa) vão agora receber grávidas, embora de forma condicionada, indica o mapa das escalas das urgências disponível no site do SNS. Também o Hospital de Santa Maria está a apoiar a rede de obstetrícia na realização de partos, embora não tenha a maternidade ainda operacional. Tudo isto pode contribuir para aliviar a pressão sobre a Maternidade Alfredo da Costa, sobretudo durante o fim de semana que se avizinha.
Na margem Sul do Tejo, em que se temia que os três serviços de urgência obstétricos estivessem encerrados em simultâneo (algo que seria inédito este ano), o Hospital Garcia de Orta vai, afinal, ter a urgência de Obstetrícia a funcionar de forma condicionada, recebendo apenas grávidas encaminhadas pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), do INEM, tanto no sábado como no domingo.
“A Urgência de Ginecologia e Obstetrícia estará aberta, por referenciação, para o CODU/INEM, ou seja, receberemos casos mais emergentes. Acresce que o Hospital Garcia de Orta assegura também a resposta em rede ao nível da neonatologia, por ter uma neonatologia diferenciada”, refere ao Observador fonte oficial do hospital, que adianta que o problema se prende com a falta de médicos disponíveis para preencher as escalas.
Segundo o Observador avançou esta quinta-feira, existe um planeamento, acordado entre os três hospitais da Península de Setúbal e a Direção Executiva, para garantir sempre resposta aos fins de semana. Este fim de semana, caberia ao Hospital Garcia de Orta ter a urgência obstétrica a funcionar, o que deverá acontecer, mas de forma condicionada.
Já durante a próxima semana, o problema volta a colocar-se na margem Sul do Tejo: a previsão é de total encerramento, tanto no Garcia de Orta como nos Hospitais de São Bernardo (em Setúbal) e da Nossa Senhora do Rosário (no Barreiro).
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São Francisco Xavier e Santa Maria devem aliviar pressão sobre a MAC
Já o Hospital São Francisco Xavier (que se previa que não viesse a dar resposta este fim de semana na área da Obstetrícia), e que serve toda a zona ocidental da cidade de Lisboa, terá a urgência a funcionar sem constrangimentos este sábado, entre as 9h e as 21 horas, e referenciada a encaminhamentos via CODU ou linha SNS 24 a partir das 21h horas de sábado e até às 9 horas de domingo. Depois, encerra e só volta a abrir na manhã de terça-feira — sendo que se manterão os constrangimentos durante a próxima semana.
Por outro lado, o Hospital de Santa Maria já se encontra a realizar cesarianas no bloco central, em apoio à rede obstétrica da área de Lisboa, revelou ao Observador fonte oficial da ULS de Santa Maria. Só esta semana, foram realizadas cinco partos. O apoio destina-se a encaminhamentos de grávidas via CODU e é prestado em função das disponibilidades atuais do serviço, que está em reabertura faseada, acrescenta a mesma fonte. No dia 19 de agosto, estarão já a funcionar um bloco cirúrgico e duas salas de indução de parto, sendo que em setembro a maternidade estará a operar em pleno.
A maior disponibilidade do serviço de Obstetrícia nesta fase coincide com o fim da centralização das urgências ginecológicas no Hospital de Santa Maria (há um ano que o maior hospital do país sediava a Urgência Metropolitana de Ginecologia, recebendo mulheres de todos os hospitais da região, e aliviando as equipas dessas unidades para os episódios emergentes do foro obstétrico).
Ao contrário do que aconteceu no último fim de semana, estes dois hospitais da cidade de Lisboa (São Francisco Xavier e Santa Maria) poderão já dar algum apoio à Maternidade Alfredo da Costa, que esteve sob uma enorme pressão nos dias 3 e 4 de agosto e chegou a viver uma “situação de caos” e de “sobrelotação”, como descreveu fonte da MAC, por ser a única urgência de Obstetrícia aberta na cidade de Lisboa. A falta de resposta na região obrigou mesmo à transferência de pelo menos seis grávidas para hospitais privados, ao abrigo de um programa de cooperação firmado ainda pelo anterior governo.