Membros do parlamento da Irlanda apelaram ao seu governo para investigar como Tommy Robinson, ativista de extrema-direita, terá obtido o seu passaporte irlandês. Robinson foi acusado de ter incitado os protestos anti-imigração que abalaram o Reino Unido, a partir de um resort de luxo no Chipre.

Tommy Robinson, o ativista de extrema-direita que impulsiona motins no Reino Unido a partir de um resort de luxo no Chipre

Tommy Robinson, cujo nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon, nasceu em Luton, em pleno solo britânico. No entanto, devido ao facto da sua mãe ser uma emigrante irlandesa no Reino Unido, o ativista poderá ter-se qualificado para obter um passaporte irlandês, avança o The Guardian.

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As questões sobre a validade do documento começaram a levantar-se após a sua detenção no Canadá, em junho, quando, ao preencher um formulário oficial, declarou que tinha nascido na Irlanda. Uma informação que causou preocupação junto de vários membros da Dáil (assembleia) irlandesa .

Charles Flanagan, ex-secretário da Justiça e que atualmente preside o gabinete de Negócios Estrangeiros e Defesa do parlamento irlandês, reforçou a importância de manter a integridade o sistema de obtenção do passaporte irlandês.

“Elegibilidade para a cidadania irlandesa e os requisitos para obter um passaporte irlandês estão claramente definidos na lei. Alguma alegada violação não só deve ser levada a sério, como deverá ser sujeita a uma investigação formal pelas autoridades apropriadas”, defendeu.

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Outros membros do parlamento, como Duncan Smith, do Partido Trabalhista, expressaram igualmente preocupação. “Se existem algumas questões sobre a integridade do passaporte de alguém, então deve ser sujeito a investigação. Informação relativa ao local de nascimento é essencial para qualquer processo de obtenção de passaporte”, acrescentou.

Paul Murphy, do Partido Socialista irlandês, juntou-se a Smith nos apelos aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e da Irlanda. “É preocupante que alguém que esteja a incitar violência racista pelo Reino Unido e pela Irlanda esteja a viajar com um passaporte irlandês”, começou por dizer.

“É ainda mais preocupante que a documentação canadiana sugira que o seu local de nascimento tenha sido falsamente declarado como sendo na Irlanda. É isso que diz no seu passaporte? Se sim, então o seu passaporte terá sido emitido em bases fraudulentas e poderá ser revogado.”, acrescentou Murphy.

Não existe, até ao momento, uma explicação oficial para o motivo que terá levado Robinson a optar viajar com um passaporte da Irlanda. No entanto, avança a imprensa inglesa, acredita-se que poderá ter tomado esta opção para evitar as filas nos aeroportos após o Brexit — o ativista de extrema-direita é um conhecido defensor da saída do Reino Unido da União Europeia.

Tommy Robinson tem historial de condenações, que incluem agressão a um polícia, posse de droga, fraude e viajar com um passaporte de outra pessoa nos EUA.