Há mistérios em torno do Stonehenge que continuam por desvendar, outros que tinham sido desvendados por equipas de arqueólogos e considerados capítulos fechados. Era o caso da origem da pedra-altar, que durante mais de um século se acreditou ter sido transportada desde o País de Gales, numa viagem de cerca de 200 km, até ao local onde o monumento foi erguido, em Salisbury. Uma nova investigação provou agora que o megálito veio na verdade da Escócia.
A descoberta, descrita pelos investigadores como “surpreendente”, é resultado de uma investigação publicada na reputada revista Nature. Foi liderada por Anthony Clarke, um estudante de doutoramento que trabalha na Universidade de Curtin (Austrália) que nasceu em Pembrokeshire, um condado no sul do País de Gales de onde se acreditava que a pedra-altar tinha vindo.
“Acho que não vou ser perdoado pelas pessoas da minha terra”, comentou Anthony Clarke em tom de brincadeira numa entrevista à BBC News. “Será uma grande perda para o País de Gales”, apontou. À emissora britânica, o investigador explicou que as restantes pedras do centro do monumento são realmente do País de Gales e que as maiores do círculo exterior são de Inglaterra. “Temos de deixar algo para os escoceses”, acrescentou.
Pedras de Stonehenge terão sido transportadas 200 km por terra
“Não muda apenas a forma como pensamos no Stonehenge, muda a forma como vemos todo o final do [período] neolítico”, disse ainda ao jornal Guardian Rob Ixer, investigador da University College London que também esteve envolvido na investigação.
A pedra-altar é do nordeste da Escócia, de uma distância de pelo menos 750 km. Terá sido transportada algures da cidade que atualmente é conhecida como Inverness ou potencialmente das Ilhas de Orkney, dizem os investigadores.
Segundo Anthony Clarke, esta descoberta aponta para uma colaboração ainda mais alargada para a construção do monumento do que se esperava. “O Stonehenge parece ser este grande empreendimento que envolveu pessoas de todo o lado”, explicou.
Em 1923, as pedras centrais do Stonehenge foram identificadas como sendo provenientes de Preseli hills, em Pembrokeshire, fruto do trabalho do geólogo Henry Herbert Thomas. A pedra-altar era afinal de um material diferente, mas sempre se assumiu que teria origem na mesma área, até que há cerca de 20 anos alguns cientistas começaram a questionar a sua origem, lembra a BBC.
No ano passado uma equipa de cientistas da Universidade de Aberystwyth concluiu que a pedra-altar não podia ser de Gales, mas faltava a peça final e não adiantava de onde seria. “A ciência é maravilhosa, e será discutida nas próximas décadas … É de fazer cair o queixo”, sublinhou Rob Ixer.