A Lamborghini apresentou o novo Temerario, o coupé mais acessível deste construtor italiano que sucede ao Huracán, modelo que sai de cena após 10 anos a deliciar os amantes de superdesportivos, em parte graças ao seu nobre motor 5.2 V10 atmosférico. O Temerario continua a propôr uma carroçaria de coupé compacto, com o motor de combustão instalado em posição central/traseira para optimizar a distribuição de massa pelos dois eixos, mas com linhas mais clean e modernas, quando comparadas com o seu antecessor.

As maiores diferenças introduzidas pelo Temerario estão centradas na mecânica que, seguindo a moda actual e respondendo às exigências dos clientes, recorre à electrificação para incrementar a potência e, simultaneamente, reduzir o consumo e as emissões. O 5.2 V10 atmosférico do Hucarán foi trocado por um conjunto de quatro motores, sendo três eléctricos e o principal um 4.0 V8 biturbo, que em conjunto fornecem mais 280 cv do que os 639 cv que o V10 debitava. Isto apesar da conversa em relação ao “roncar” do V10 atmosférico ser outra…

O interior do novo Lamborghini Temerario

O novo V8 tem obviamente menos cilindros e uma menor capacidade do que o V10 do Huracán, mas a esta unidade com oito cilindros não faltam trunfos, que explicam a sua capacidade de atingir 10.000 rpm, um valor anormalmente elevado para qualquer V8 com este tipo de capacidade, para mais sobrealimentado. Entre as opções tecnológicas desta unidade motriz destacamos a opção por o que se denomina um “hot V”, em que os escapes estão no centro do “V” formado pelos oito cilindros e as admissões no exterior do “V”, ao contrário do que é convencional, para que o ar admitido pelo motor esteja menos quente e, por isso mesmo, com maior densidade, melhorando a eficiência e a potência.

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Outras das boas opções tomadas pelos engenheiros da Lamborghini para este V8, tendo em conta o tipo de superdesportivo em que está instalado, prende-se com a cambota plana, o que lhe permite ser mais leve, girar mais rapidamente e subir mais depressa de regime, ainda que à custa de de vibrações de segunda ordem (provocadas pelas explosões no cilindros) ligeiramente superiores, mas aceitáveis num desportivo. E, para que ao girar às 10.000 rotações a fricção não gere demasiado calor, os técnicos da marca revestiram parte do sistema de controlo das válvulas do V8 com carbono tipo diamante.

Quatro motores melhores do que um

Ao 4.0 V8 soprado por dois turbocompressores, com uma pressão de sobrealimentação de 2,48 bar, a Lamborghini associou mais três motores, todos eles eléctricos. E axiais, em vez das habituais unidades radiais, por serem mais compactos e leves, além de assegurarem um torque superior. Um dos motores debita 150 cv e está instalado entre o V8 e a caixa transversal de dupla embraiagem e oito velocidades, com as restantes duas unidades (com 82 cv cada) a mover a sua roda anterior, garantindo assim tracção integral e permitindo jogar com a distribuição de potência para optimizar o comportamento. No total, os quatro motores garantem 920 cv, o que explica os 0-100 km/h em 2,7 segundos, abaixo dos 3,2 segundos do Huracán Tecnica com o V10 de 639 cv, para depois a velocidade máxima subir dos 325 km/h do Huracán para os 340 km/h do Temerario. E isto ainda antes da possível introdução das versões mais desportivas, como as STO ou as STJ.

O novo 4.0 V8 biturbo da Lamborghini, com hot V, cambota plana e tratamentos de superfície à base de carbono

Para alimentar os motores eléctricos, o Temerario monta uma bateria com 3,8 kWh de capacidade, pouco (o construtor nem menciona a autonomia em modo EV) mas o suficiente para ajudar o V8 nos arranques ou recuperações de velocidade, incrementando a potência e reduzindo consumo e emissões, sendo de esperar que o Temerario se possa deslocar (com apenas tracção à frente?) em modo eléctrico durante curtas distâncias. A bateria pode ser recarregada numa tomada AC até 7 kW, ou ser alimentada durante as desacelerações ou directamente pelo V8.

7 fotos

O Temerario, que vai começar a ser entregue a clientes no início de 2025 (por um preço ainda não anunciado), propõe um pack para o tornar mais desportivo, denominado Alleggerita. Com esta solução opcional, o coupé superdesportivo ganha uma maior asa traseira e um sem número de apêndices aerodinâmicos que reduzem o peso e melhoram o apoio que, de acordo com o fabricante, usufrui de um downforce superior ao proporcionado pelo Huracán Evo em 158%, além do Temerario Alleggerita ganhar 25 kg face à versão normal.