O candidato republicano à presidência reagiu esta quarta-feira às críticas deixadas por Barack e Michelle Obama na noite de terça-feira durante a Convenção Democrata. A resposta aos Obama era esperada, mas, ainda assim, o foco do discurso continuou a ser as críticas à administração Biden-Harris.

O comício na Carolina do Norte, Estado-chave para as eleições de novembro, levava como tema pré-definido a segurança nacional. Porém, ao longo de mais de uma hora, Donald Trump desviou-se para deixar críticas a inúmeros democratas. Obamas, Biden, Harris, Walz, Clintons e Pelosi, todos foram mencionados pelo republicano.

“Viram o Barack Hussein Obama ontem à noite [madrugada de quarta-feira em Portugal Continental] a disparar? Ele estava a disparar contra o vosso presidente. E a Michelle também. Eles dizem sempre para eu me focar na política, para não tornar pessoal. E depois tornam aquilo pessoal a noite toda”, acusou Trump, depois de ter criticado o facto de a Convenção Democrata mencionar mais vezes o seu nome do que as suas medidas. “Eles mencionaram o meu nome 271 vezes, creio. E a economia doze vezes”, argumentou.

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Antes de o casal Obama subir ao palco, Trump tinha dito que os “respeitava”. “Eu até gosto dele. Respeito-o, respeito a sua mulher”, declarou à CNN na terça-feira à tarde. Contudo, a aparente afinidade do republicano durou pouco. Mais à frente no seu discurso, o ex-Presidente mostrou-se desiludido com as palavras do seu antecessor. “Eu gostava dele, mas ele foi muito desagradável ontem à noite“. Nesta altura, voltou a apresentar ao público as pressões de que é alvo dos seus oponentes e assessores: falar mais de política e menos de assuntos pessoais. Perante o forte apoio do público à sua abordagem, brincou que ia despedir os seus assessores.

Entre as críticas pessoais e as medidas políticas ficou o Afeganistão

Sobre a segurança nacional, Donald Trump deixou várias críticas à administração democrata, nenhuma delas nova. Garantiu que se ele fosse presidente, Putin não teria invadido a Ucrânia, o 7 de outubro não teria acontecido e a retirada do Afeganistão teria corrido melhor. A pouco mais de uma semana de se assinalar os três anos da saída das tropas norte-americanas do Afeganistão, o candidato republicano voltou várias vezes a este ponto, classificando-o como uma das maiores falhas do executivo Biden-Harris.

O ex-Presidente prometeu que, caso regressasse à Casa Branca, ia exigir “a demissão de todos os oficiais militares sénior que tiveram mão no desastre do Afeganistão“. Quer ainda estender os despedimentos dentro das Forças Armadas a todos aqueles que promoverem a teoria crítica racial, “a loucura transgénero” ou qualquer outra “política de justiça social”, como as caracterizou.

No resto do comício, Trump insistiu noutras críticas habituais, apontando o dedo às políticas de energia de Joe Biden, classificando Kamala Harris como “a pior de todos eles” e uma “radical de esquerda”, responsabilizando o par democrata pela inflação crescente e por terem deixado o mundo à “beira da terceira guerra mundial”.

Este foi o primeiro evento ao ar livre da campanha republicana desde a tentativa de assassinato na Pensilvânia, no dia 13 de julho, o que ficou claro nas medidas de segurança acrescidas. Estas incluíam vidro à prova de bala, mais atiradores no local e criação de um perímetro de segurança, que impedia pessoas fora do recinto de ver o palco, relataram os jornalistas do New York Times no local. O próprio Trump fez uma referência à segurança do seu comício, quando chamou várias autoridades locais ao palco e questionou se conseguiria aguentar o peso. “Já tivemos riscos maiores que isto”, brincou, arrancando risos à sua audiência.

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Apesar das medidas adicionais, o candidato republicano acabou por sair detrás do vidro e descer do palco para falar com uma pessoa do público, sempre rodeado por vários seguranças. A interrupção no discurso aconteceu depois de essa pessoa se ter sentido mal, por causa do calor, e ter precisado de ajuda. Trump alertou os médicos para a situação e juntou-se a eles, junto à sua apoiante, perante gritos entusiásticos de “Adoramos o Trump” do resto da audiência.

*Editado por Catia Andrea Costa