A polícia da Catalunha reconhece “erros no dispositivo” que foi montado no dia 8 de agosto para deter o ex-presidente do governo regional catalão, Carles Puigdemont, que esteve em Barcelona nesse dia para um discurso e fugiu de novo para fora de Espanha sem ter sido apanhado pelas autoridades.

O reconhecimento dos erros surge num relatório produzido pela polícia catalã (Mossos d’Esquadra, na designação em catalão) a pedido do juiz Pablo Llarena, do Supremo Tribunal de Espanha, sobre o dispositivo policial implementado naquele dia para cumprir o mandado de detenção contra Puigdemont. De acordo com a Europapress, o relatório pedido ao Ministério do Interior devia versar sobre “os elementos que determinaram o seu fracasso sob uma perspetiva técnico-policial”.

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No relatório, a polícia catalã faz uma autocrítica, assumindo “erros” no dispositivo que montou para impedir a saída de Puigdemont. Já as forças policiais nacionais (Polícia Nacional e Guardia Civil) dizem, no documento, que apesar de terem dispositivos na fronteira com França, “não se detetou em momento algum” a passagem de Puigdemont. As duas polícias dizem ainda que ofereceram apoio à polícia catalã para encontrar Puigdemont, mas que esse apoio não foi formalmente requerido.

Carles Puigdemont esteve na Catalunha no dia 8 de agosto, a propósito da tomada de posse do novo Governo catalão. Exilado desde o referendo ilegal à independência da Catalunha em 2017, Puigdemont é um dos líderes independentistas na mira da justiça espanhola. Mesmo depois da aprovação da lei da amnistia (que perdoou os crimes relacionados com o processo de independência), Puigdemont manteve-se sujeito a um mandado de detenção por desvio de fundos, por ter usado dinheiros públicos para organizar o referendo.

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O líder independentista discursou perante uma multidão em Barcelona e, logo de seguida, desapareceu sem deixar rasto. A polícia catalã anunciou a implementação de um dispositivo para impedir a saída de Puigdemont da cidade, mas sem sucesso. Na mesma noite, o advogado anunciou que Puigdemont já tinha regressado a casa.

Durante o dia em que Puigdemont esteve na Catalunha, foram detidos vários agentes da polícia catalã, suspeitos de terem ajudado Puigdemont a fugir. Chegou também a haver notícias de que teria havido um entendimento prévio entre a polícia catalã e Puigdemont para uma eventual entrega do independentista, mas o acordo foi depois desmentido.