Tudo mudou para UAE Team Emirates em dois dias. A formação árabe foi do inferno ao céu em pouco mais de 24 horas. No sábado, João Almeida passou mal na etapa de Cazorla, sentiu sérias dificuldades ainda na aproximação à subida final e, no espaço de dois quilómetros, perdeu mais de três minutos para o grupo dos favoritos. O pior confirmou-se no dia seguinte: o português estava com Covid-19 e abandonou a Vuelta depois de estar em terceiro.

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Para a nona etapa, a Emirates decidiu mudar a estratégia – em abono da verdade, não tinha mais alternativas – e começou a lançar-se na luta pelas etapas. E foi bem sucedida. Adam Yates integrou a fuga do dia numa etapa talhada para as suas características, esteve mais de 58 quilómetros a solo e venceu isolado em Granada. O britânico chegou a ter quase sete minutos de avanço mas terminou com 3.45, entrando assim no top 10. Apesar da subida ao sétimo lugar, Yates estava 5.30 de Ben O’Connor (Decathlon AG2R La Mondiale) e a menos de um minuto de entrar no pódio. O volte face estava consumado e a Emirates voltava a ter um homem a lutar pela geral.

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“Para ser sincero, não sinto muita pressão com a camisola vermelha. É meio inesperado. Nunca pensei usar a grande camisola aqui na Vuelta e alguns corredores nunca tiveram a chance de usar uma camisola de líder numa Grande Volta. Muitos dos ciclistas da geral não têm essa oportunidade. Estou apenas a desfrutar e a adorar correr na frente, sabendo que eles estão liderar a corrida e que cabe a outros corredores atacar. Quando venci a etapa, fiquei com a camisola, mas nunca tive pressão para mantê-la”, assumiu O’Connor antes da etapa desta terça-feira.

Apesar de a décima etapa da Volta a Espanha, corrida na Galiza, ter sido composta por quatro contagens de montanha – uma de primeira categoria, duas de segunda e uma de terceira –, a primeira fase teve poucas incidências, com um grupo de cinco elementos a estabelecer-se à frente do pelotão e a alcançar uma vantagem superior a cinco minutos. Com Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) e Marc Soler (Emirates) na fuga, coube à Red Bull-Bora-hansgrohe assumir as despesas da corrida na subida para o Alto de Mabia. Com a aceleração, o pelotão dizimou-se.

Perante isso, Lennert van Eetvelt (Lotto Dstny) esteve em dificuldades mas conseguiu manter-se no pelotão porque o ritmo voltou a baixar. No início da subida do Alto de Mougás, Van Aert e Quentin Pacher (Groupama-FDJ) aproveitaram o momento em que Soler foi ao carro buscar abastecimento, quebraram o grupo e ficaram sozinhos na frente. Os dois acabaram por discutir a vitória da etapa e o francês abriu as hostilidades no penúltimo quilómetro. Van Aert não deixou Pacher fugir, esperou pelo sprint e cimentou a sua terceira vitória nesta Vuelta.

Apesar de esta Vuelta estar a correr longe do ideal para a Visma-Lease a Bike, o belga tem sido o elemento mais ativo. A par das três vitórias – em Castelo Branco, Cordoba e Baiona –, Van Aert leva dois segundos lugares e um terceiro, tendo estado presente no pódio em seis das dez etapas disputadas. Para além disso, continua na liderança da classificação dos pontos – camisola verde – e esta terça-feira igualou Yates no topo da classificação da montanha.

Marc Soler completou o pódio da etapa. O pelotão chegou a Baiona agrupado, pelo que as contas da geral mantiveram-se intactas. Ben O’Conner lidera com 3.53 minutos de avanço para Primoz Roglic (Red Bull) e 4.32 para Richard Carapaz (EF Education-EasyPost). Seguem-se os espanhóis Enric Mas (Movistar), a 4.35, e Mikel Landa (Soudal Quick-Step), a 5.17. Para esta quarta-feira está reservada mais uma etapa de montanha.