A Espanha vai doar 100 mil frascos de vacina contra a mpox a países da África Central e instou a Comissão Europeia a liderar uma iniciativa para os Estados-membros darem igual contributo, anunciou esta terça-feira o governo.

Em comunicado, o Ministério da Saúde espanhol salienta que as 100 mil doses correspondem a 20% das suas reservas e vão permitir vacinas até 500 mil pessoas.

“Não faz sentido armazenar vacinas onde não há problemas, e agora é o momento de o provar”, sublinhou o ministério, que insiste ser essencial agir na África Central, epicentro do atual surto que levou à segunda declaração de emergência de saúde pública internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No dia em que a OMS fez a declaração, em 14 de agosto, a Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA, na sigla inglesa) da Comissão Europeia anunciou que iria fornecer ao continente africano mais de 215 mil doses da única vacina contra a mpox aprovada na Europa e nos EUA.

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Para conter o atual surto, seriam necessários cerca de 10 milhões de doses da vacina, recorda o ministério.

Neste contexto, a Espanha comunicou à Comissão Europeia a sua doação e pediu-lhe que liderasse um compromisso coletivo de todos os Estados-Membros no sentido de darem o mesmo contributo.

“Temos de ultrapassar a tendência para enfrentar a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional para o mpox armazenando vacinas e não protegendo os países da África Central, onde o problema é atualmente mais grave”, sublinhou o secretário de Estado da Saúde espanhol, Javier Padilla, nas redes sociais.

O anúncio espanhol acontece 24 horas depois de a Alemanha ter divulgado que vai doar 100 mil doses da vacina.

Semelhante compromisso, na mesma quantidade de doses, tinha sido previamente anunciado pela França.

A mpox é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas que também pode ser transmitida entre seres humanos através do contacto físico, provocando febre, dores musculares e lesões cutâneas.

Uma nova estirpe (“clade 1b”) de mpox foi detetada na República Democrática do Congo (RDCongo) em setembro de 2023 e depois notificada em vários países vizinhos.

O ressurgimento em África está a ter um grande impacto na República do Congo, RDCongo, Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda.

Na passada sexta-feira, a Comissão Europeia pediu aos Estados-membros que solidariamente enviassem vacinas para o continente africano.

O envio das vacinas corresponde a um pedido nesse sentido feito na passada sexta-feira pela Comissão Europeia.

“Escrevi aos ministros da Saúde da UE sobre os planos de doação de vacinas e terapêuticas contra o vírus mpox. A solidariedade mundial é fundamental para enfrentar as ameaças globais à saúde”, escreveu a comissária europeia da tutela, Stella Kyriakides, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

“Contamos com os Estados-membros para apoiarem os nossos parceiros africanos na gestão do surto”, sendo que “a Comissão está pronta a coordenar” a mobilização, acrescentou a responsável.

Desde janeiro, foram notificados quase 21.500 casos e 591 mortes pela doença em 13 países africanos.