A presidente do parlamento de Timor-Leste afirmou esta sexta-feira que os desafios que o país enfrenta 25 anos depois do referendo são também importantes, lembrando a pobreza, o desemprego e as fragilidades no setor da saúde e educação.

Os desafios que enfrentamos hoje são diferentes, mas também importantes, a pobreza ainda aflige muitos dos nossos cidadãos, ainda há falta de oportunidades e empregos para os nossos jovens, continuamos a ter desafios na educação académica e profissional, desafios de acesso universal aos cuidados de saúde”, disse Fernanda Lay.

A presidente do parlamento timorense discursava durante a sessão solene para assinalar a celebração dos 25 anos do referendo, que pôs fim à ocupação indonésia, na presença do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a quem foi atribuída a nacionalidade timorense, e de outras personalidades.

“O papel das mulheres na sociedade necessita ainda de fazer caminho, continuamos a importar produtos que devíamos nós produzir, as alterações climáticas batem à nossa porta. Estes são os desafios do nosso tempo e tal como nos levantamos contra a ocupação há 25 anos, devemos levantar-nos contra as ameaças de hoje“, salientou Fernanda Lay.

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A presidente do parlamento destacou que a missão “não será fácil”, mas é preciso que os timorenses se lembrem que conquistaram a independência “contra todas as probabilidades”.

A sessão solene inclui também declarações dos cinco partidos com assento parlamentar, que destacaram o apoio das Nações Unidas e da comunidade internacional a Timor-Leste.

As comemorações dos 25 anos do referendo em Timor-Leste, que levou à restauração da independência em 20 de maio de 2002, começaram na quinta-feira em Díli.

Dedicada ao lema “Foi o povo que lutou! Foi o povo que sofreu! Foi o povo que venceu a luta”, a celebração dos 25 anos do referendo, organizada pelo Governo, também conta com a presença do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, Nuno Sampaio, e do antigo primeiro-ministro de Portugal Durão Barroso, atual presidente da Aliança Global para as Vacinas e Imunização (GAVI, sigla em inglês).

A realização do referendo foi decidida entre Portugal e a Indonésia em 5 de maio de 1999, sob os auspícios da ONU, com a assinatura de três acordos, nomeadamente um sobre a questão de Timor-Leste, outro sobre a modalidade da consulta popular e um terceiro sobre segurança.

Em 30 de agosto de 1999, 344.580 das 446.666 pessoas registadas (433.576 em Timor-Leste e 13.090 nos centros no estrangeiro) escolheram a independência do país e consequentemente o fim da ocupação da Indonésia, que invadiu Timor-Leste em 7 de dezembro de 1975, apesar da violência perpetrada pelas milícias que apoiavam a integração.

Com o resultado do referendo, a Indonésia abandonou Timor-Leste, com as milícias pró-indonésias a deixarem um rasto de horror e violência, tendo entrado a autoridade de transição das Nações Unidas, que geriu o país até à restauração da independência, em 20 de maio de 2002.

Presentes estiveram também Ian Martin, que liderou a Missão de Assistência da ONU em Timor-Leste, que organizou o referendo, e o chefe da diplomacia angolano, Téte António, entre outros.

Para esta sexta-feira ainda está prevista a realização de uma cerimónia no Estádio Municipal de Díli com discursos do secretário-geral da ONU e do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão.