O Canadá está apostado em proteger a sua indústria automóvel dos veículos chineses que são exportados para o país, produzidos por fabricantes que recebem subsídios considerados ilegais pela Organização Mundial do Comércio (WTO, na sigla em inglês), atribuídos para que sejam propostos por preços mais competitivos. Para equilibrar a situação, o Governo do Canadá decidiu aplicar um imposto adicional à importação de 100%, uma taxa idêntica à introduzida pelos EUA.

De salientar que o novo imposto de 100% vai ser aplicado sobre a já existente taxa de importação de 6,1%, que os carros chineses pagavam até aqui. Um valor despiciendo quando comparado com o que as marcas estrangeiras eram obrigadas a suportar para vender na China, de construir uma fábrica no país a “oferecer” 50% a um construtor local, entre os muitos que o Estado controla.

A nova taxa começa a ser aplicada a todas as importações vindas da China a partir de 1 de Outubro, com o objectivo de proteger a economia canadiana e os 125.000 canadianos que trabalham na indústria. O Governo estendeu igualmente a protecção a outras indústrias locais, impondo uma taxa adicional a todos os produtos em aço ou alumínio com origem na China, com o intuito de salvaguardar os produtores locais destes metais, que dão trabalho a mais de 130.000 pessoas. Os canadianos decidiram ainda retirar o acesso dos subsídios atribuídos pelo Governo aos modelos com zero emissões, sempre que provenham de países que não têm acordos de comércio livre com o Canadá.

Tesla pede desconto (como obteve na Europa)

Há vários construtores ocidentais a produzir veículos na China, em fábricas que partilham com construtores locais — a Tesla é a única a quem foi concedida a possibilidade de ser a única proprietária da fábrica — e alguns deles exportam para o Ocidente, usufruindo das vantagens de uma mão-de-obra mais barata, matéria-prima subsidiada e algumas ajudas do Estado chinês, da aquisição do terreno à criação de emprego, ainda que em menor quantidade do que os apoios atribuídos aos construtores locais.

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Porque recebeu menos subsídios da China, a Tesla recorreu da decisão da União Europeia em aplicar taxas entre 17,4% e 38,1% às importações de carros chineses para o Velho Continente. Inicialmente, os Model 3 que vêm da Gigafactory Xangai deveriam pagar 20,8%, mas após a exposição dos argumentos do construtor norte-americano, a penalização caiu para apenas 9%.

Agora no Canadá, face a uma taxa adicional de 100% para os Model 3 e Model Y fabricados na China, a Tesla voltou a apelar ao Governo para uma penalização mais reduzida, pelo mesmo motivo que esgrimiu junto das autoridades europeias, alegando receber menos subsídios do Estado chinês, entre os considerados ilegais pela WTO. Mas tudo indica que a ministra das Finanças canadiana, Chrystia Freeland, se recusa a alterar a situação, embora reconheça a existência de conversações com a Tesla. Tanto mais que a expedição dos Model 3 e Model Y a partir da China, em vez dos EUA, ajudou a que o número de veículos chineses aumentasse 460% em 2023, precisamente a tendência que o Canadá quer contrariar.