Apesar de ser uma atriz consagrada, Diane Keaton ainda ambicionava uma carreira na música e manteve uma ocupação paralela como fotógrafa. Mas, pelo caminho conquistou também estatuto na moda e diz que foi na década de 1970 que começou a perceber aquilo de que gostava na hora de vestir. Fez das suas escolhas um estilo e da estranheza uma imagem de marca com tal peso que lhe dedica o livro que é lançado esta terça-feira pela editora Rizzoli, “Fashion First”. “Os 70s foram quando comecei a mostrar às pessoas a verdadeira Diane. E, graças a Deus, as pessoas pareceram não odiar completamente.”
Na verdade, a atriz nasceu Diane Hall a 5 de janeiro de 1946 em Los Angeles e é a mais velha de quatro irmãos. Keaton é o nome de solteira da mãe, que era dona de casa e fotógrafa amadora, enquanto o pai era agente imobiliário. Atualmente, a carreira de Diane Keaton já conta com mais de 50 anos. Começou pelos palcos a participar numa versão do musical “Hair” na Broadway em 1968 e foi também no teatro que começou a sua relação com Woody Allen, na produção “Play it again, Sam”, que lhe valeu uma nomeação para os prémios Tony. Os filmes viriam em breve, com especial destaque para “O Padrinho” (1972) logo no início da carreira e consequente participação nos filmes da saga que se seguiram.
Depois de ser bem sucedida na comédia, e para não ficar refém do género, provou que também era boa em drama e assim foi mostrando a sua versatilidade como atriz. Trabalhou com Woody Allen em vários filmes e foi com “Annie Hall”, uma produção do realizador e com uma personagem inspirada em si própria, que ganhou o Óscar para Melhor Atriz em 1978. Mas a relação com Allen foi mais do que profissional e, além de muitos filmes, houve amor pelo meio e uma amizade que se mantém. Al Pacino e Warren Beatty foram outros co-protagonistas com quem terá tido mais do que cumplicidade em cena.
Uma das relações mais duradouras que tem mantido ao longo da vida é com a moda e a prova disso é o livro que conta a sua relação com a roupa e os acessórios na primeira pessoa. Recheado de fotografias, é quase uma biografia fotográfica que mostra um registo de looks desde a infância com observações da autora. Das roupas feitas pela mãe aos looks de passadeira vermelha que deixam os especialistas de moda baralhados, esta edição proporciona um registo fotográfico intenso com algumas palavras pelo meio. A primeira parte do livro está dividida por décadas (de 1960 a 2000) com um capítulo especial dedicado a Annie Hall e outros a peças de vestuário, como saias, casacos (que diz serem a sua “versão de um vestido de baile”), vestidos, sapatos ou chapéus e, claro, os fatos. “Lembro-me de ver as pessoas a usarem fatos na televisão quando era mais nova e querer desesperadamente um, apesar de serem maioritariamente usados por homens”, escreve Keaton na abertura do capítulo.
A atriz também convidou outras personalidades femininas a darem um pequeno contributo com textos, como por exemplo Nancy Meyers, Kris Jenner, Sarah Jessica Parker ou Miley Cyrus. “Ela nunca é normal. Ela é ela própria e tornou-se assim sozinha. Numa altura em que tropeçamos em stylists, ninguém o faz melhor do que a Diane”, decreta Candice Bergen. O prefácio coube a Ralph Lauren. “Quer ela esteja em palco a aceitar um prémio ou num passeio a passear o cão com os filhos, ela é sempre ela própria. O estilo dela não é definido pelo momento.” O livro acaba com um capítulo que se chama “Wrong wrong wrong wrong wrong” (Errado repetidamente) com uma série de looks que terão causado um franzir de testa a quem os viu na sua altura, mas hoje, em retrospetiva, serão apenas capítulos da intensa relação entre Diane Keaton e a moda. A atriz resumiu alguns numa publicação na sua conta de Instagram.
Ao longo dos anos os looks de algumas personagens pareceram beber inspiração da protagonista. O estilo de Annie Hall é um reflexo de como Diane Keaton era naquela altura. As personagens de mãe de família que foi interpretando do ano 2000 para cá também têm um pouco do look da atriz consigo. E há também personagens que vão mais longe do que a imagem. O filme “Book Club” (2018) juntou Keaton, Candice Bergen, Jane Fonda e Mary Steenburgen a partilharem aventuras amorosas de mulheres maduras. E, a propósito da sequela de 2023, o realizador Bill Holderman assumiu ao The Guardian que a personagem de Keaton se inspira na atriz e até se chama Diane. “Roubámos uma série de ideias da vida dela.”
Keaton tem dois filhos adotados na década de 1990, primeiro uma rapariga e quatro anos depois um rapaz, e t0mou a iniciativa pouco depois de a mãe ter sido diagnosticada com Alzheimer. Rejeita a cirurgia estética e recusa-se a pintar o cabelo. É vegetariana. Está no Instagram e tem uma cadela, Reggie, com quem divide o protagonismo. Gosta de andar a passear por Los Angeles no seu carro e apreciar os edifícios. Tem 78 anos e, apesar de dizer que conduz devagar, não parece dar sinais de abrandar com o trabalho.
Diane Keaton faz 75 anos. O carreira e o estilo da eterna Annie Hall