O JPP classificou esta terça-feira como “incomensurável falta de respeito” a decisão do presidente do Governo Regional da Madeira (PSD) em responder por escrito na audição parlamentar requerida pelo partido sobre o incêndio que lavrou em agosto na ilha.

“Está com medo de ir à Assembleia por que razão? Será por saber que cometeu erros graves, apesar de continuar a vender a ‘estratégia de sucesso’, enquanto dezenas de famílias, apavoradas e em sofrimento, passaram noites e dias sem dormir e ele refestelava-se no bem-bom, no areal do Porto Santo?”, questiona o JPP em comunicado.

Citado na nota, o secretário-geral do partido, também líder do grupo parlamentar na Assembleia Legislativa, Élvio Sousa, considera que o povo deve “tomar nota dos comportamentos inconsequentes” do chefe do executivo e lamenta que Miguel Albuquerque não esteja disponível para “ser confrontado diretamente pelos deputados”.

“Que rumo têm os madeirenses liderados por alguém que recusa ir à Assembleia debater o que correu mal com uma tragédia, a fugir com medo de enfrentar a realidade, que mente e se contradiz constantemente?”, questiona Élvio Sousa, vincando que “Albuquerque não é uma pessoa de confiança e os sinais desse comportamento são cada vez mais visíveis e preocupantes”.

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O Presidente do Governo da Madeira disse esta terça-feira aos jornalistas, no Funchal, que vai responder por escrito na audição parlamentar, garantindo, no entanto, que “tudo será esclarecido”.

“Eu vou fazer a resposta nos termos do regimento [do parlamento regional], como sempre respondi, que é por escrito. Como é habitual nas comissões, a prerrogativa do presidente do Governo é responder por escrito, portanto vou responder por escrito, como fiz nas outras comissões”, explicou Miguel Albuquerque.

Incêndio na Madeira. Miguel Albuquerque vai responder por escrito ao parlamento regional

O requerimento do JPP para a audição, ainda não agendada, foi aprovado em comissão parlamentar com os votos favoráveis do partido proponente (dois votos), o mesmo número do PS, um do CDS-PP e a abstenção dos quatro deputados do PSD.

O JPP argumenta que “Miguel Albuquerque e Pedro Ramos [secretário regional com a tutela da Proteção Civil] têm de ser responsabilizados” do ponto de vista político e também “pelo elevado grau de negligência, pelo desnorte patenteado e pela ausência de decisões atempadas [no combate ao fogo], que colocaram em sério risco a vida de populações e animais”.

O parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, partido que formou um governo minoritário, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.

Na segunda-feira, 26 de agosto, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida, embora as autoridades regionais tenham sinalizado 5.116.

Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.