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Vladimir Putin foi esta terça-feira recebido com honras de Estado na Mongólia, país que ignorou os apelos à detenção do Presidente russo face ao mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI), levando a Ucrânia a pedir uma reação internacional forte.

O líder russo foi recebido na praça principal de Ulan Bator por uma guarda de honra vestida com uniformes vermelhos e azuis, inspirados nos da guarda pessoal do governante do século XIII, Genghis Khan, o fundador do Império Mongol.

Uma multidão de pessoas assistiu, por detrás de barreiras, ao encontro entre Putin e o Presidente da Mongólia, Khurelsukh Ukhnaa, que subiu os degraus do Palácio do Governo, com tapetes vermelhos, e fez uma vénia perante a estátua de Gengis Khan, antes de entrar no edifício para reuniões.

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Um pequeno grupo de manifestantes tentou desfraldar uma bandeira ucraniana antes da cerimónia, mas foi levado pela polícia. Cinco outros manifestantes, que se reuniram a alguns quarteirões a oeste da praça, ergueram uma faixa anti-Putin e uma bandeira ucraniana, mas dispersaram depois de saberem das detenções.

Esta foi a primeira deslocação de Putin a um país membro do TPI desde a emissão do mandado em março de 2023 devido a alegados crimes de guerra decorrentes da invasão da Ucrânia por Moscovo, em fevereiro de 2022.

Na véspera da visita, a Ucrânia instou a Mongólia a entregar Putin ao tribunal de Haia e a União Europeia manifestou a sua preocupação com a possibilidade de não ser executado o mandado contra Vladimir Putin pelo seu papel no rapto de milhares de crianças ucranianas.

Já esta terça-feira, Kiev apelou a uma forte reação internacional, alertando para o facto de a Mongólia não ter cumprido o mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI).

“Isto é um golpe sério para a reputação do TPI e para todo o sistema de direito internacional”, disse à agência noticiosa EFE Oleksandr Merezhko, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento ucraniano e deputado do partido governamental Servo do Povo.

Segundo Merezhko, é fundamental não permitir que a “provocação” de Putin crie um precedente, através da condenação do comportamento da Mongólia pela comunidade internacional, para impedir que outros países desobedeçam também às ordens do TPI.

O mandado do TPI colocou o governo da Mongólia numa posição difícil. Após décadas de comunismo, com laços estreitos com a União Soviética, o país fez a transição para a democracia nos anos 90 e estabeleceu relações com os Estados Unidos, o Japão e outros novos parceiros.

Mas o país sem litoral continua economicamente dependente dos seus dois vizinhos muito maiores e mais poderosos: Rússia e China.

O TPI acusou Putin de ser responsável pelo rapto de crianças da Ucrânia e os países membros são obrigados a deter os suspeitos se tiver sido emitido um mandado, mas a Mongólia precisa de manter os laços com a Rússia e o tribunal não dispõe de um mecanismo para fazer cumprir os seus mandados.