O antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi apresenta na segunda-feira o seu esperado relatório sobre competitividade da União Europeia (UE), três meses após o prazo inicial, visando acabar com “barreiras estruturais” face a concorrentes como China e Estados Unidos.

A informação foi avançada à agência Lusa por várias fontes conhecedoras do processo, no dia em que Mario Draghi se deslocou a Bruxelas para, à porta fechada, informar os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE e a Conferência de Presidentes (com os líderes da instituição e dos grupos partidários) do Parlamento Europeu sobre as diretrizes do relatório sobre a competitividade comunitária, que será oficialmente divulgado na segunda-feira.

Uma dessas fontes especificou que, na ocasião, o antigo governante e ex-líder do Banco Central Europeu (BCE) observou que, nas últimas décadas, “a competitividade europeia ficou sujeita a uma série de barreiras estruturais”, entre os quais o atraso na capacidade de inovação, o aumento dos preços da energia, o défice de competências e a necessidade de acelerar a digitalização e de reforçar as capacidades de defesa comuns da Europa.

Por essa razão, o relatório que foi pedido a Mario Draghi pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, servirá para “reflexão sobre os desafios que a Europa enfrenta e sobre a forma como a UE, as suas instituições, os Estados-membros e as partes interessadas podem, em conjunto, ultrapassá-los para recuperar a vantagem competitiva da Europa”, nomeadamente face aos principais concorrentes, a China e os Estados Unidos.

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Em causa está o relatório que o ex-presidente do Banco Central Europeu tem estado a preparar sobre a competitividade europeia, cuja apresentação esteve inicialmente prevista para junho, depois para julho e agora para setembro, após uma interrupção para férias nas instituições da União Europeia.

Uma outra fonte indicou à Lusa que o relatório de Draghi se centra em tópicos como produtividade, redução das dependências da UE, clima e inclusão social, abrangendo ainda recomendações específicas para os 10 principais setores da economia (como energia, inovação, mercado de capitais, auxílios estatais, coesão, competências, defesa e investimento).

Numa altura em que Ursula von der Leyen forma a sua equipa para o próximo mandato à frente da Comissão Europeia (de 2024 até 2029), o documento em causa irá guiar a responsável nas cartas de missão dos comissários europeus designados, adiantou uma outra fonte à Lusa.

Este relatório surge depois de um outro divulgado em abril passado pelo antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta, esse porém mais focado no mercado interno da UE, sendo que o de Mario Draghi se centra mais na cena internacional.

O documento será debatido pelo colégio de comissários do executivo comunitário, na quarta-feira em Bruxelas, e, mais tarde, discutido pelos chefes de Governo e de Estado da UE no Conselho Europeu informal de novembro, realizado em Budapeste pela presidência húngara da UE.

Há precisamente um ano, no seu discurso sobre o Estado da União, Ursula von der Leyen anunciou um relatório sobre a competitividade europeia e falou num contexto “desafiante” para a indústria na UE.

Na altura, a responsável elencou “três grandes desafios económicos para a indústria” em 2024, entre os quais a “escassez de mão-de-obra e de competências, a inflação” e a necessidade de “facilitar a atividade das empresas”, quando se regista um contido crescimento económico.

Por essa razão, Von der Leyen pediu ao ex-presidente do BCE, Mario Draghi, “uma das maiores mentes económicas da Europa, que preparasse um relatório sobre o futuro da competitividade europeia”.