Drones russos caíram em território da Letónia e da Roménia. Os equipamentos aéreos não tripulados violaram o espaço aéreo daqueles dois países pertencentes à NATO. A aliança atlântica, cuja pertença pressupõe que um ataque a um Estado é um ataque a todos, já veio criticar os atos “irresponsáveis e potencialmente perigosos”.

Na Roménia, o Ministério da Defesa informou que os radares “identificaram e seguiram o caminho de um drone que entrou o espaço nacional e que depois saiu pela Ucrânia”. Fragmentos de equipamentos já foram encontrados em território romeno, na fronteira ucraniana.

Para seguir os drones, a Força Aérea romena utilizou dois caças F-16 e foram enviados alertas telefónicos aos residentes dos distritos de Tulcea e Constanta, no sudeste da Roménia, perto da fronteira com a Ucrânia, acrescentou o ministério.

O primeiro-ministro da Roménia, Marcel Ciolacu, indicou, citado pela Reuters, que não “houve danos significativos no terreno”. Porém, o chefe de executivo de Bucareste avisou que os ataques “vão continuar”. “Nós temos uma guerra na fronteira”, constatou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por sua vez, o Presidente da Letónia, Edgars Rinkēvičs, denunciou igualmente que um “drone militar na parte leste” do país. Na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), o Chefe de Estado informou haver uma “investigação em curso” e que Riga está “em contacto com os aliados”. “Este número de incidentes está a aumentar em todo o flanco leste da NATO e nós devemos endereçá-los coletivamente.”

O ministro da Defesa letão, Andris Sprūds, deu mais detalhes. Contrariamente à Roménia, a Letónia não partilha fronteira com a Ucrânia; assim, o governante assinalou que é provável que o drone tenha sido enviado desde a Bielorrússia. O equipamento caiu na localidade de Rezekne, de cerca de 28 mil habitantes.

“Posso confirmar que não houve vítimas e nenhuma propriedade ficou danificada”, enfatizou Andris Sprūds, citado pela CBS News. O ministro definiu este acidente como “sério” e é um “lembrete” da faceta “dos vizinhos” da Letónia.

Alguns países e organizações vieram condenar a violação de espaço aéreo de drones. O subsecretário da NATO, Mirdea Geoana, escreveu no X que a organização “condena a violação noturna do espaço aéreo russo no espaço aéreo romeno”. “Embora não tenhamos informações que indiquem um ataque intencional da Rússia contra os aliados, esses atos são irresponsáveis ​​e potencialmente perigosos.”

Ainda que a Lituânia, país que faz fronteira com a Letónia, não tenha sido afetada, o ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielius Landsbergis, frisou que estes incidentes eram “inimagináveis há três anos” e agora “são tratados como rotina”. “Nada devia cair na Ucrânia, na Letónia ou em qualquer território da NATO”, lamentou o chefe da diplomacia.

Gabrielius Landsbergis fala mesmo numa “nova realidade” que foi potenciada pela “inação” dos aliados em relação à Rússia. “A Lituânia vai claramente apoiar uma resposta forte dos aliados.”

A Ucrânia também reagiu. O chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Andriy Yemak, escreveu no X que a NATO “deve responder ao facto de drones russos Shahed operarem livremente no espaço aéreo dos países europeus”. “Eles precisam de ser abatidos”, instou o responsável, recordando que a “Rússia faz sempre isto”; ou seja, tenta provocar e perceber quais são “os pontos mais fracos” dos seus adversários. “A resposta deve ser forte”, rematou.