O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes considerou no sábado ter as qualidades para “exercer bem a função” de Presidente da República, mas remeteu para mais tarde a decisão sobre uma eventual candidatura às eleições presidenciais em 2026. “Tenho a certeza de que sei o suficiente para poder exercer bem essa função”, defendeu.

O antigo líder do PSD lembrou o seu percurso como autarca, secretário de Estado, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e primeiro-ministro, dizendo conhecer “muito bem o país todo”. “Já fui dissolvido” pelo antigo Presidente Jorge Sampaio, acrescentou no sábado à noite, indicando que, se for candidato, espera não fazer a outros o que lhe fizeram a si.

Pedro Santana Lopes foi o orador convidado do último jantar-conferência da 10.ª edição da Escola de Quadros do CDS-PP, que decorre em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro. Questionado sobre uma eventual candidatura à Presidência da República em 2026, Santana Lopes disse não saber e assinalou que “o mundo anda tão depressa”.

“Isto não é conversa, não é politiquez. Palavra de honra que não sei, mesmo que eu tivesse sondagens muito boas hoje em dia, eu diria não sei, porque isto muda tudo num instante. Acho que é preciso ter calma”, disse.

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O autarca referiu que o “caminho normal” será recandidatar-se à liderança Câmara da Figueira da Foz em 2025 e confidenciou que “ainda ontem” (sexta-feira), foi convidado para “ser candidato a outra câmara de uma terra muito grande”.

“Correr por correr tenho mais que fazer, já corri muito, não preciso de notoriedade, graças a Deus. Agora, preocupo-me muito, se não for eu, hei de fazer tudo para que seja eleito alguém que tenha bom senso”, indicou.

Há um ano, Pedro Santana Lopes atirou a decisão para meados deste ano.

O atual presidente da Câmara da Figueira da Foz mostrou-se também “muito preocupado” com quem vai ser o próximo chefe de Estado: “O que me faz impressão é ir para lá alguém que não tem esta experiência toda”, afirmou.

“É por isso que a escolha do próximo Presidente da República, seja ele quem for, não estou a falar de mim, não estou a falar de ninguém, é tão importante, e choca-me tanto ver as pessoas dizerem ‘porque não o almirante não sei quê, porque não o comentador não sei quê’… Isto não se escolhe assim, não vamos eleger um sabonete. Já elegemos alguns, mas não vamos eleger um sabonete, porque depois as pessoas arrependem-se”, considerou.

“Com todo o respeito pelo almirante [Gouveia e Melo], não se escolhe assim. Uma coisa é organizar um sistema de vacinação, outra coisa é ser Presidente da República”, sustentou, defendendo que um chefe de Estado “tem que ter categoria”.

Questionado sobre que outro candidato poderia condicionar a sua decisão, o presidente da Câmara da Figueira da Foz disse que “há pessoas com quem ficava mais tranquilo”, nomeadamente Leonor Beleza ou Pedro Passos Coelho, mas referiu que nenhum dos dois tem intenção de se candidatar a Belém.

Também Durão Barroso tem currículo para ser candidato a Belém, na ótica de Santana Lopes, apesar de “hoje em dia não ser uma pessoa popular” no país.

O antigo primeiro-ministro abordou também a negociação em torno do Orçamento do Estado para o próximo ano e considerou que “era bom chegar-se a um acordo” e “não era bom ir agora para eleições”.

Sobre um eventual regresso ao PSD, respondeu: “Não me apetece nada”.