Em 2020, a cantora Taylor Swift quis estar do “lado certo da História” e deixou um apoio inequívoco a Joe Biden e duras críticas a Donald Trump. Quatro anos depois, a estrela pop mantém-se em silêncio sobre as eleições presidenciais norte-americanas, que vão ter lugar a 5 de novembro. Contudo, a sua amizade recente com uma conhecida apoiante de Donald Trump tem deixado os fãs nervosos sobre a profundidade das suas convicções políticas.

Este domingo, Taylor Swift marcou presença com o namorado Travis Kelce, jogador de futebol americano, na final do US Open, em Nova Iorque. O casal assistiu ao jogo com Patrick Mahomes, colega de equipa de Kelce nos Kansas City Chiefs, e a sua mulher, Brittany Mahomes, com a qual Swift foi vista a partilhar um abraço aparentemente bem-disposto. O momento pôs fim aos rumores de que as duas estariam de costas voltadas. As suposições começaram depois de as duas terem assistido ao jogo inaugural dos Chiefs na NFL, a liga profissional de futebol americano, em camarotes separados, quando costumam ser vistas juntas.

Mas qual a relevância de Brittany Mahomes para a vida política de Swift? Mahomes é uma futebolista norte-americana, que ficou famosa enquanto esposa do quarterback Patrick Mahomes. Contudo, a sua vida pública tem sido marcada por alguns momentos polémicos. Em março de 2023, o seu cunhado, Jackson Mahomes foi acusado de abuso sexual por uma mulher que disse que ele a tinha tentado beijar sem o seu consentimento.

No mês seguinte, questionada por um seguidor no Instagram sobre os comentários acerca do cunhado, Brittany respondeu que eram “ignorantes”. “Ele é só um humano, a tentar viver a vida e até terem de andar no lugar dele, não têm direito de dizer m***** sobre ele”, escreveu num story, acresentando “É melhor calarem-se só”. À altura, Mahomes e Swift não mantinham qualquer tipo de relação pública, mas ao longo do último ano foram vistas juntas em várias ocasiões.

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Este mês, Mahomes foi novamente questionada nas redes sociais depois de ter gostado de uma publicação elogiosa das políticas de Donald Trump e ainda um comentário numa publicação sua em que se lia “Trump-Vance 2024”. Recorrendo aos stories, Mahomes deixou críticas a quem a questionou: “Não há nenhum motivo para terem um cérebro completamente desenvolvido e odiarem ver outros a ser bem-sucedidos”.

Perante a aparente demonstração de apoio, Donald Trump apressou-se a reagir. “Quero agradecer à bonita Brittany Mahomes por me defender tão fortemente. (…) é bom ver alguém que ama o nosso país e o quer salvar da condenação. Que ótimo casal”, escreveu Trump na Truth Social.

O histórico democrata da Miss Americana

A proximidade entre Mahomes e Trump surpreendeu os fãs de Swift — os swifties — que lembraram as suas declarações de 2020, no documentário Miss Americana. Numa das cenas, a cantora discute com o pai o peso da responsabilidade enquanto celebridade para se posicionar politicamente, especificamente contra Donald Trump. “Eu preciso de estar do lado certo da História. E, se ele ganhar, pelo menos tentei. É importante para mim. Eu preciso de fazer isto”, afirma Swift em lágrimas no documentário, destacando as suas crenças nos direitos das mulheres.

Meses depois, Swift destacou novamente estas prioridades, afirmando que ia votar em Joe Biden. “A mudança que precisamos mais é de eleger um presidente que reconheça que pessoas racializadas merecem sentir-se seguras e representadas, que as mulheres merecem o direito a escolher o que acontece aos seus corpos e que a comunidade LGBTQIA+ merece ser reconhecida e incluída”, disse, à data, numa entrevista à V Magazine. “Vou votar orgulhosamente em Joe Biden e Kamala Harris na eleição presidencial deste ano. Sob a sua liderança, acredito que a América tem a chance de começar o processo de cura que precisa desesperadamente”, declarou.

Os fãs recorreram às redes sociais para notar a discrepância entre a Taylor de 2020, ativista feminista, e a de 2024, que convive animadamente com apoiantes de Donald Trump. Seja indiferença pelas crenças políticas das amigas ou uma súbita simpatia pelo candidato republicanos, alguns swifties classificaram a mudança de atitude como “hipócrita”.

O voto das celebridades vale mais?

O desejo de um apoio público de uma das maiores estrelas pop chega dos republicanos aos democratas. Em agosto, Donald Trump recorreu a Inteligência Artificial para aceitar um apoio de Swift que nunca aconteceu. Já Kamala Harris, reúne um alinhamento de estrelas pop, que incluem Ariana Grande, Charli XCX e, indiretamente, Beyoncé. Mas Swift continua em silêncio. Chegou a supor-se que a cantora poderia aparecer na Convenção Nacional Democrata, para uma demonstração de apoio, dada a proximidade à anterior campanha, mas esta nunca chegou.

Donald Trump partilha fotos geradas por Inteligência Artificial “aceitando” apoio de Taylor Swift

Um estudo da universidade de Harvard explora o peso real que as celebridades podem ter numa corrida eleitoral. À NPR,  autora Ashley Spillane explica que as celebridades “aumentam as interações, aumentam a atenção e as conversas”. “Não interessa o partido político, há uma fome real de estar afiliado a celebridades que conseguem fazer isso”, argumenta, exemplificando com as declarações de apoio de Oprah Winfrey a Barack Obama ou Frank Sinatra a Ronald Reagan.

O apoio das celebridades — e da jóia da coroa, Taylor Swift — pode não mudar os resultados finais das eleições de 5 de novembro, mas é apelativo o suficiente para os candidatos lutarem por isso e tentarem quebrar o silêncio de Swift. Até lá, os fãs aproveitam o intervalo na Eras Tour para cercar fileiras e discutir política nas redes sociais entre os #SwiftiesforTrump e #SwiftiesforKamala.