O cruzar da meta foi cheio de esforço tanto para Elena Congost como para Mia Carol. E se as forças faltaram a um, o outro não lhe faltou no auxílio e na corrida até à meta. Faltavam apenas dez metros quando o guia da maratonista espanhola quase desfaleceu de cãibras em Paris.
Ao ver o desgaste físico de Carol, a atleta não hesitou em largar a corda para permitir que o seu guia se equilibrasse. O resultado foi um terceiro lugar que ditava uma medalha de bronze amplamente festejada após o cruzar da linha de meta. Entre os abraços e os sorrisos possíveis depois de 3h48” a correr 42 quilómetros, uma má notícia estava prestes a chegar: a desqualificação por ter largado por um segundo a corda que unia guia e atleta a dez metros da meta. A medalha dos Paralímpicos seria entregue à japonesa Misato Michishita que acabou a prova 15 minutos e 47 segundos depois.
Impresionante final de la Marathon T12 en #Paris2024Paralympics.
El bronce ???? de Elena Congost es doble, por ella y por como ha empujado a su guía Mia Carol, que tras ayudarla durante 42 kms, le faltaron fuerzas para llegar juntos a meta…
Bellísimo. pic.twitter.com/Wjuwzy1f5L
— MΛRC VIDΛL (@marcvidal) September 8, 2024
“Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal”, revoltou-se a campeã paralímpica da maratona feminina T12 — para atletas portadores de alguma deficiência visual — dos Jogos do Rio de 2016.
“Estou arrasada, sinceramente, porque ganhei a medalha. Estou super orgulhosa de tudo o que fiz e, no final, desclassificaram-me porque a 10 metros da linha de chegada soltei a corda, por um segundo, porque uma pessoa ao meu lado estava a desfalecer. Agarrei a corda novamente para cruzarmos a linha de meta”.
Em lágrimas, Elena Congost lamentou o sucedido e realçou o humanismo da sua ação:
Gostaria que todos soubessem que não me desqualificaram por fazer batota, mas sim por ser humana”.
Depois de dar à luz por quatro vezes nos últimos seis anos, a maratonista de 36 anos sente-se “devastada” com este desfecho do seu regresso às pistas: “Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal”. Elena Congost contou ainda que, além de perder a medalha, ficou sem o direito à bolsa paralímpica que a ajudaria a manter-se em competição.
Elena Congost ????????, primera campeona paralímpica de Maratón de la historia, regresaba a unos Juegos 8 años después. Ha dado a luz 4 veces en los últimos 6 años. El CPE no le dejó buscar la mínima para Tokio y se desencantó con el atletismo. Dejaron de pagarle la baja por maternidad… pic.twitter.com/0Z5j3ippAl
— David Orenes (@david_lrl) September 8, 2024
As reações da catalã também já se fizeram sentir nas redes sociais, sendo que Congost partilhou uma foto sua com uma legenda que inspira a reflexão no Instagram.
A medalha de ouro da prova T12 foi conquistada pela marroquina Fatima el Idrissi que bateu o recorde mundial e a medalha de prata foi arrecadada pela compatriota Meryem En-Nourhi.