O cruzar da meta foi cheio de esforço tanto para Elena Congost como para Mia Carol. E se as forças faltaram a um, o outro não lhe faltou no auxílio e na corrida até à meta. Faltavam apenas dez metros quando o guia da maratonista espanhola quase desfaleceu de cãibras em Paris.

Ao ver o desgaste físico de Carol, a atleta não hesitou em largar a corda para permitir que o seu guia se equilibrasse. O resultado foi um terceiro lugar que ditava uma medalha de bronze amplamente festejada após o cruzar da linha de meta. Entre os abraços e os sorrisos possíveis depois de 3h48” a correr 42 quilómetros, uma má notícia estava prestes a chegar: a desqualificação por ter largado por um segundo a corda que unia guia e atleta a dez metros da meta. A medalha dos Paralímpicos seria entregue à japonesa Misato Michishita que acabou a prova 15 minutos e 47 segundos depois.

“Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal”, revoltou-se a campeã paralímpica da maratona feminina T12 — para atletas portadores de alguma deficiência visual — dos Jogos do Rio de 2016.

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“Estou arrasada, sinceramente, porque ganhei a medalha. Estou super orgulhosa de tudo o que fiz e, no final, desclassificaram-me porque a 10 metros da linha de chegada soltei a corda, por um segundo, porque uma pessoa ao meu lado estava a desfalecer. Agarrei a corda novamente para cruzarmos a linha de meta”.

Em lágrimas, Elena Congost lamentou o sucedido e realçou o humanismo da sua ação:

Gostaria que todos soubessem que não me desqualificaram por fazer batota, mas sim por ser humana”.

Depois de dar à luz por quatro vezes nos últimos seis anos, a maratonista de 36 anos sente-se “devastada” com este desfecho do seu regresso às pistas: “Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal”. Elena Congost contou ainda que, além de perder a medalha, ficou sem o direito à bolsa paralímpica que a ajudaria a manter-se em competição.

As reações da catalã também já se fizeram sentir nas redes sociais, sendo que Congost partilhou uma foto sua com uma legenda que inspira a reflexão no Instagram.

A medalha de ouro da prova T12 foi conquistada pela marroquina Fatima el Idrissi que bateu o recorde mundial e a medalha de prata foi arrecadada pela compatriota Meryem En-Nourhi.