Em agosto de 2020, o rei Juan Carlos I surpreendeu os espanhóis com a decisão de sair do país por tempo indeterminado, depois de ter sido acusado de crimes de corrupção. Após semanas sem se saber onde iria residir o rei emérito – tendo até havido quem dissesse que regressaria ao Estoril, onde viveu na juventude – foi revelado que o pai de Felipe VI fixaria residência em Abu Dhabi e é lá que tem estado nos últimos quatro anos. Ao longo deste tempo tem recebido com alguma frequência a visita das duas filhas, as infantas Elena e Cristina, e também dos netos, à exceção da princesa Leonor e da infanta Sofia.

Agora, e de acordo com a Vanitatis, é com o apoio de familiares e amigos que tem contado para escrever ele próprio um livro de memórias, que será um relato íntimo da sua vida e que poderá ser publicado por uma editora espanhola. A publicação refere ainda que, para já, a obra ainda não está completa nem tem data para estar concluída. Aos 87 anos, Juan Carlos I tem contado com aqueles que lhe são mais próximos e que lhe têm enviado desde Espanha fotografias, bilhetes de viagem, selos e postais, bem como registos de voos, regatas, safaris e caçadas, que deverão constar na obra, que se vai focar mais na vida pessoal do antigo monarca e não na vertente política.

A ideia do pai de Felipe VI não surgiu recentemente. A intenção de ter alguém que escrevesse a sua biografia está em cima da mesa há anos, tendo começado por contactar o seu amigo jornalista Carlos Herrera, que escreveu um esboço após vários encontros com o rei. No entanto, a história acabou por nunca ser publicada e nenhum dos dois explicou o motivo. Outro livro é o de Laurence Debray, a jornalista e politóloga parisiense que publicou uma biografia de Juan Carlos, um livro que foi reeditado com um capítulo recentemente acrescentado para atualizar e contar a sua vida em Abu Dhabi. “Mi rey caído” também não terá agradado particularmente ao emérito, de acordo com a mesma publicação, e Debray estará agora a planear escrever um novo livro sobre o rei. Também o diplomata José de Bouza Serrano lançou este ano um livro sobre a vida de Juan Carlos, “O Rei Sem-Abrigo”.

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Os reis eméritos Juan Carlos I e Sofia no funeral do sobrinho Juan Gómez-Acebo

O regresso a Espanha

Se durante os primeiros anos que viveu em Abu Dhabi o rei não visitava Espanha, esse cenário mudou em 2022, quando começou a viajar para o país, na maioria das vezes para Sanxenxo, onde costuma participar nas regatas com o seu barco, Bribón, que é liderado pelo seu amigo Pedro Campos, em casa de quem costuma ficar hospedado. No entanto, neste fim de semana Juan Carlos I esteve em Madrid, ao lado da família.

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O rei reuniu-se com a mulher e os três filhos para o último adeus a Juan Gómez-Acebo, segundo filho da infanta Pilar, a irmã mais velha de Juan Carlos, que morreu em janeiro de 2020. Juan morreu vítima de um cancro no passado dia 12 de agosto, cinco meses após o irmão mais novo, Fernando, também ter perdido a vida, depois de vários anos a lutar contra uma insuficiência respiratória crónica.

Este domingo, dia 8 de setembro, durante a manhã, o rei Felipe VI e a infanta Cristina, acompanhada pelos filhos e pela prima Alexia da Grécia, estiveram no cemitério de San Isidro, em Madrid, ao lado da família Gómez-Acebo no funeral de Juan. Da parte da tarde foi a vez de a rainha Letizia e de os reis eméritos, Juan Carlos e Sofia, se juntarem à restante família – em especial aos três filhos da infanta Pilar, Simoneta, Beltrán e Bruno – para a missa em memória do segundo filho dos duques de Badajoz. Esta foi uma das poucas vezes em que foi possível ver o rei Juan Carlos com o filho, Felipe VI, nos últimos anos, uma vez que a relação entre pai e filho tinha esfriado desde que o emérito viu o nome envolvido em crimes de corrupção.

Apesar de Juan ter morrido há quase um mês, os irmãos decidiram atrasar o funeral para o início de setembro para que toda a família pudesse estar presente, incluindo os reis Felipe VI e Letizia, que naquela altura não estavam disponíveis, e o rei emérito, que teria que viajar de Abu Dhabi, assim como o seu neto mais velho, Juan Froilán, filho da infanta Elena, que, tal como o avô, também reside na capital dos Emirados Árabes Unidos.