A defesa de Clóvis Abreu reiterou hoje a inocência do arguido na morte do polícia Fábio Guerra, junto à discoteca Mome, em março de 2022, no arranque do julgamento no Campus da Justiça, em Lisboa.
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“Começo por lamentar a morte trágica de Fábio Guerra. Não obstante, Clóvis Abreu pretende demonstrar em audiência que não teve nada a ver com a morte e que não tem nenhuma culpa”, afirmou o advogado do arguido, Aníbal Pinto.
Para o advogado, “Clóvis Abreu não praticou nenhum homicídio, nem praticou nenhum homicídio na forma tentada. Está preso injustamente e deve ser punido só pelo que fez e não pelo que não fez”.
Aníbal Pinto explicou também que a tragédia só aconteceu porque Cláudio Pereira, o elemento sem ligação ao grupo de polícias ou aos arguidos no caso, esperou fora da discoteca para agredir Cláudio Coimbra, um dos dois ex-fuzileiros já condenados no âmbito da morte do antigo agente da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Relação confirma penas dos ex-fuzileiros envolvidos na morte do PSP Fábio Guerra
O mandatário acrescentou também que o terceiro suspeito deste caso apenas deu um pontapé em Cláudio Pereira depois de este cair com um soco de resposta do outro ex-fuzileiro condenado, Vadym Hrynko, e que então se envolveu “numa contenda” com várias pessoas, mas sem tocar em Fábio Guerra.
“Se não fosse a tragédia de Fábio Guerra, tinha sido apenas mais uma rixa, porque é o prato do dia”, resumiu.
Confrontado com a entrega de Clóvis Abreu às autoridades cerca de ano e meio depois dos acontecimentos no exterior da discoteca Mome e das alegações de que esteve fugido à justiça, Aníbal Pinto insistiu que o arguido “nunca esteve fugido” e responsabilizou o Ministério Público (MP) por não ter notificado logo Clóvis Abreu e ter demorado “quase um ano” para fazer isso.
Clóvis Abreu, de 26 anos e em prisão preventiva no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, não quis prestar declarações nesta primeira sessão no Juízo Central Criminal de Lisboa, remetendo a sua intervenção para o final.
O MP pediu então a reprodução em audiência das declarações do arguido no interrogatório efetuado em setembro de 2023 e durante a fase de instrução, em abril de 2024.
Nas gravações é possível ouvir Clóvis Abreu assumir que pontapear Cláudio Pereira quando este já estava no chão “foi uma atitude errada” e admitiu que estava “muito bêbedo” naquela noite.
A sessão de julgamento foi interrompida por volta das 11h30 e só será retomada de tarde, pelas 13h30.
Além da acusação de homicídio qualificado de Fábio Guerra, o terceiro arguido deste caso está ainda acusado pelo MP de dois crimes de tentativa de homicídio (a Cláudio Pereira e ao agente João Gonçalves) e outros dois crimes de ofensas à integridade física qualificadas graves pelos incidentes na madrugada de 19 de março de 2022.
O Juízo Central Criminal de Lisboa condenou, em junho de 2023, os ex-fuzileiros Vadym Hrynko e Cláudio Coimbra a 17 e 20 anos de prisão, respetivamente, pela morte do agente da PSP.
Fábio Guerra, 26 anos, morreu em 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido a “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara, quando se encontrava fora de serviço.