As primeiras tropas norte-americanas a serem destacadas após os ataques de 11 de setembro estão a sofrer pela exposição à radiação que o governo ainda não reconheceu oficialmente 23 anos depois, denunciou o comediante Jon Stewart.

As forças de operações especiais foram enviadas para uma antiga base soviética no Uzbequistão, no início de outubro de 2001, onde lançaram as primeiras missões contra os talibãs no Afeganistão, incluindo a operação secreta a cavalo retratada no filme “12 Strong”.

Nos quatro anos seguintes, mais de 15.000 tropas dos EUA foram destacadas para Karshi-Khanabad, conhecida como K2.

As tropas encontraram aglomerados de pó amarelo espalhados perto de bunkers onde as tropas soviéticas tinham mísseis armazenados.

Os testes mostraram que era urânio radioativo, de acordo com uma avaliação desclassificada do Departamento de Defesa de novembro de 2001.

Nos anos seguintes, milhares de veteranos de K2 reportaram cancros, problemas renais e outras condições médicas, alguns dos quais são conhecidos por estar ligados à exposição à radiação.

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Mas a exposição do K2 não está coberta por um grande projeto de lei de ajuda aos veteranos conhecido como a Lei PACT que o Presidente Joe Biden assinou em 2022.

“Os veteranos K2 eram a ponta da lança. Foram o primeiro grupo destacado na guerra contra o terrorismo, e ainda estão num limbo de disparates burocráticos, impedindo-os de obter os benefícios e os cuidados de saúde que ganharam”, frisou Stewart, em entrevista à agência Associated Press (AP).

Stewart está a pressionar a administração liderada pelo democrata Joe Biden por mudanças para que os veteranos do K2 estejam totalmente cobertos e convocou uma reunião na segunda-feira entre os veteranos e o secretário-adjunto do Departamento de Defesa para os assuntos de saúde.

Apesar dos registos, o Departamento de Defesa não identificou oficialmente a base como um local onde ocorreu a exposição à radiação.

A Casa Branca disse que continua a ser uma prioridade para a Biden, mas esta tem sido adiada pelas agências, que dizem que são necessárias mais informações.

“O Presidente Biden acredita que os veteranos prejudicados por exposições tóxicas enquanto estavam destacados no K2 deveriam ter acesso aos benefícios que obtiveram e mereceram”, garantiu a porta-voz da Casa Branca, Kelly Scully, num comunicado à AP.

O Pentágono realçou também, em comunicado, que quer “garantir a saúde e a segurança dos veteranos”, garantido ser “uma prioridade máxima”.

Já o porta-voz do Departamento de Assuntos de Veteranos (VA), Terrence Hayes, destacou, em comunicado, que desde a aprovação da Lei PACT quase 12.000 veteranos K2 foram aprovados para pelo menos uma condição de saúde relacionada com o serviço militar e receberam um pagamento médio anual de 30.871 dólares para os compensar pelas deficiências que têm agora.

Mas os veteranos do K2 também morreram à espera que o Pentágono e o VA reconhecessem as suas reivindicações de doenças relacionadas com a radiação, e estudos e revisões adicionais apenas prolongam o processo, alertou Matt Erpelding, que lidera o grupo de veteranos do K2 Stronghold Freedom Foundation.