Nos últimos dois dias, o líder socialista tem aparecido a dizer que o PS só precisa de “algumas, não muitas” medidas para viabilizar o Orçamento, mas há duas que não podem constar, pelo menos no modelo proposto pelo Governo: IRS Jovem e descida transversal do IRC. E não gostou de saber da intenção do Executivo não ceder numa delas, avisando que se quer viabilizar o Orçamento com os socialistas, “então o Governo tem a obrigação de ceder ao PS”.

A medição de forças e cautelas para o próximo Orçamento já vai longa, mas ainda tem todo um mês pela frente. Nesta fase, o PS estará a ultimar medidas — que tinha prometido ter até ao final desta semana, mas que até agora ainda não deu sinal de que estejam fechadas — para apresentar ao Governo. Quer também que na próxima reunião já possa estar o primeiro-ministro — até aqui ausente (e por consequência também Pedro Nuno Santos) destas negociações. E também quer abertura para o Governo ceder nas duas medidas que fixou como linhas vermelhas para a viabilização socialista da proposta de OE que o Governo tem de entregar a 10 de outubro.

O Observador noticiou esta tarde que o Governo considera “impensável” ceder numa dessas linhas vermelhas, o IRS Jovem, e quando foi confrontado com isso mesmo o líder do PS avisou que “se o Governo se limitou a si próprio a negociar exclusivamente com o PS, então tem obrigação de ceder ao PS em matérias fundamentais” para o partido.

Governo não vai abdicar do IRS Jovem. “Seria impensável”

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Em declarações aos jornalistas no Porto, depois de uma reunião com a  Federação Nacional dos Médicos, Pedro Nuno Santos disse que ainda não há data para a próxima reunião com o Governo, mas diz que haverá “oportunidades para reuniões” e que “o mais importante é garantir que algumas medidas profundamente erradas não estejam no Orçamento e que algumas, não muitas, que o possam melhorar sejam introduzidas”. Ao mesmo tempo refere, mais uma vez, que não tem “pretensão de discutir o Orçamento área a área”.

Questionado sobre se é preocupante o país ficar sem Orçamento, o líder do PS diz que “a preocupação” não é “apenas ter ou não ter Orçamento, mas ter um Orçamento com medidas que vão retirar milhares de milhões de euros que podiam ser investidos nos serviços públicos e vão criar injustiças”. “Para contar com a viabilização do PS, o Orçamento não pode ter algumas medidas”, voltou a repetir, dizendo que se o Governo “entende que elas são importantíssimas para a sua estratégia, tem de procurar no Parlamento quem as aprove”.

Pedro Nuno quer Montenegro na próxima reunião e diz que não exige definir “50% do Orçamento”

Socialista diz que Governo não duplica oferta de habitação pública: “Antes pelo contrário”

O socialista ainda falou de uma área que chegou a tutelar quando esteve no Governo, a Habitação, depois de confrontado com a notícia do Expresso sobre o anúncio do Governo sobre a oferta de habitação pública. Pedro Nuno mostrou-se “surpreendido com o anúncio do Governo”, já que é um “recuo face ao previsto”.

O atual ministro responsável pela área, Miguel Pinto Luz, fala na construção de 58.993 casas e Pedro Nuno Santos diz que o que estava previsto pelo anterior Governo era mais. Quanto às 26 mil já contratualizadas, o socialista diz que “eram financiadas a 100% pelo PRR”, mas que isso “não quer dizer que fossem as únicas financiadas pelo Estado”. “Já estava prevista a construção. 26 mil iam ser financiadas a 100%”, disse, mas “o Governo anterior já tinha previsto construir e reabilitar 87 mil”. “Não há duplicação, antes pelo contrário”, disse o socialista que acusa o Governo de “querer chegar a menos do que o Governo anterior queria fazer”.

Nestas mesmas declarações, o líder do PS ainda foi confrontado com as autárquicas e, por estar no Porto, especificamente com o nome de Manuel Pizarro e se esse é um candidato forte ao município nas eleições do próximo ano. “Seria um bom nome com certeza que seria”, respondeu Pedro Nuno Santos que disse, no entanto, que o PS “ainda não está nessa fase”, dando a “certeza” de que o PS “apresentará um candidato muito forte para vencer a Câmara do Porto”.