“Talvez se estiver para aí virado, não sei”. Ia já bastante longa a intervenção do candidato republicano quando, frente aos jornalistas, Donald Trump admitiu voltar a encontrar-se com Kamala Harris para novo debate. Em jeito de balanço da prestação na passada terça-feira à noite, Trump insistiu que “esteve ótimo” e distribuiu críticas. “Acho que fui ótimo no debate mas estava a lutar contra três pessoas, os lunáticos radicais da ABC, que para mim é o pior canal que por aí anda”, sentenciou.
Foi numa conferência de imprensa realizada esta sexta-feira no seu clube de golfe em Los Angeles, Califórnia — “num dos melhores campos de golfe do mundo, com vista para o oceano Pacífico”, antes de seguir para um comício em Las Vegas, Nevada, que atacou a herança deixada por Kamala enquanto desempenhou funções de procuradora-geral daquele estado. “Tenho uma mensagem: não podemos deixar Kamala e os comunistas fazerem à América o que fizeram à Califórnia, que está uma desgraça, as pessoas estão a ir para outros estados, outros até para outros países”, referiu. “Kamala destruiu São Francisco. Não vamos deixar que aconteça.”, continuou. Mais adiante insistiu que se não fosse a “fraude eleitoral” conseguiria ganhar na Califórnia, tradicionalmente um bastião democrata.
Disparando vários números sobre a escalada generalizada no crime, Trump reforçou as críticas à administração Biden e à vice-presidência de Harris, em particular em matéria de imigração. “Países como Venezuela pegaram nos seus homicidas e violadores e despejaram-nos nos EUA. Somos um aterro para países como a Venezuela porque temos pessoas estúpidas a comandar o país. Se pensam que Biden é mau, esta vai ser bem pior”. Donald Trump atacou o excesso de “tolerância” da candidata, uma “estratégia que não funcionou”, e voltou a insistir no seu plano para conduzir uma deportação massiva em caso de reeleição. “Não queria ter que fazer isto, apesar de terem aqui a melhor vista de sempre, mas alguém tem que vos explicar: ela é uma comunista, esquerdista, radical, fascista.”
Retomando uma das controvérsias saídas do debate frente a Harris, Trump frisou ainda que começará esse campanha em Springfield, Ohio e Aurora, no Colorado, onde insistiu que a comunidade haitiana come cães e gatos. “Em Springield, Ohio, 20 mil imigrantes destruíram a nossa forma de vida. As pessoas não gostam de falar disto, nem a cidade, porque parece mal para eles, sempre foi segura, bonita. Mas não podemos permitir isto.”
Na sua intervenção, Trump falou ainda de Elon Musk, referindo-se a alguém que se tornou “um bom amigo”, que o apoiou várias vezes, e que se estivesse ao leme da Califórnia certamente teria convencido o patrão da Tesla a manter as suas empresas naquele estado, em vez de as ter levado para o Texas. O republicano defendeu ainda a sua relação com Laura Loomer, a ativista de extrema-direita que num post nas suas redes sociais escreveu que a Casa Branca iria “cheirar a caril” se Kamala fosse eleita.