Os incêndios florestais que estão a grassar no Brasil, que enfrenta a pior seca em sete décadas, já chegaram a 41 das 86 terras indígenas delimitadas no estado de Mato Grosso.

A presidente da Federação de Povos Indígenas de Mato Grosso, Elaine Xunakalo, disse aos jornalistas que as chamas chegaram mesmo a algumas aldeias indígenas, obrigando os seus habitantes a saírem.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios já atingem mais de metade dos municípios do estado de Mato Grosso, onde se concentram os biomas da Amazónia, Cerrado e Pantanal, há meses afetados pelas chamas.

Citado pela página ‘online’ do jornal O Globo, o Inpe estima que 80 dos 142 municípios do Mato Grosso estejam em chamas e que 56,34% do território do estado tenha sido atingido pelo fogo.

Tendo em conta apenas o mês de agosto, Mato Grosso teve mais de 1,6 milhões de hectares devastados pelo fogo, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base nas pesquisas da agência espacial NASA, citada pelo mesmo jornal.

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Na quarta-feira, a Defensoria Pública da União (DPU) enviou um ofício ao Comité Nacional de Manejo Integrado do Fogo e ao Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal) solicitando ações imediatas para combater os incêndios que devastam as terras indígenas em Mato Grosso, incluindo o Parque Indígena do Xingu.

Segundo O Globo, o prazo para que essas instituições respondam é de dez dias.

Entre as medidas urgentes solicitadas estão o envio de recursos humanos e materiais, incluindo o uso das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança.

A DPU também pediu a elaboração de um plano de emergência específico para os povos indígenas.

O Inpe, que vigia a situação através de uma rede de satélites, contabiliza que existem hoje em todo o Brasil um total de 3.820 focos de incêndio, 1.788 dos quais na região amazónica.

Segundo o braço do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no Brasil, o número de focos de incêndio na Amazónia é o maior registado desde 2004.

Segundo as autoridades meteorológicas, a situação no Sul e Sudeste do território brasileiro melhorará nos próximos dias, com a passagem de uma frente de ar frio, mas a intensa seca persistirá no resto do país.