Até ao final do ano, Ridley Scott voltará ao Império Romano, Ron Howard contará como é que as utopias fracassam, Todd Phillips tentará a sua segunda ronda com Joker e até Pedro Almodóvar dá ares da sua graça com um filme que acabou de ganhar o Leão de Ouro no Festival de Veneza. O Rei Leão também está de volta com uma história de origens, há terror da A24 e filmes individuais de dois vilões do Homem-Aranha (e deixamos o aviso, é possível que um deles possa ser muito mau). Não há de tudo para todos até ao final do ano, mas há muito com que nos entreter. Dentro de dias estreia a pérola de Miguel Gomes, Grand Tour, e é por aí que começamos.

“Grand Tour”

De Miguel Gomes (19 de setembro)

Miguel Gomes levou o Grand Tour a Cannes e saiu de lá com o prémio de realização. E agora, soube-se há dias, Portugal quer levá-lo aos Óscares. Não é a primeira vez que o realizador português se mostra fascinado por outro tempo — especialmente por ideias e comportamentos —, mas Grand Tour é um movimento afinado dos gestos e trejeitos do cineasta, redefinindo a ideia de até onde se pode ir para contar uma história. Um dos mais fascinantes realizadores atuais. Não é por ser português. Não é pelo prémio em Cannes. É por tudo o que fez até agora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Super/Homem: A História de Christopher Reeve”

De Ian Bonhôte e Peter Ettedgui (26 de setembro)

Durante muito, muito tempo, quando se pensava em super-heróis no cinema, pensava-se em Christopher Reeve enquanto Super-Homem e Michael Keaton enquanto Batman. Muito mudou desde então, mas Reeve (1952-2004) tem um papel relevante na cultura popular da segunda metade do século XX (até porque continua a ser o melhor Super-Homem do cinema). Este documentário tenta explicar esse fenómeno, além de recapitular a vida do ator, também após ter ficado paralisado nos anos 1990 depois de um acidente a montar um cavalo.

“Lobos Solitários”

De Jon Watts (27 de setembro na Apple TV+)

Depois da dedicação à última trilogia de Homem-Aranha, Jon Watts decidiu sair um pouco do mundo do super-heróis e entrar no mundo das superestrelas. A Apple deu-lhe abrigo, juntando George Clooney e Brad Pitt numa comédia sobre dois fixers (ou seja, malta que resolve problemas chatos) que são contratados para tratar do mesmo problema. Quem foi a Veneza — onde o filme se estreou — gostou muito. Daqui a uns dias iremos ver se as primeiras reações têm fundamento.

“Joker: Loucura a Dois”

De Todd Phillips (3 de outubro)

Outro filme que deu que falar em Veneza, o segundo Joker por Todd Phillips, uma recriação da personagem numa cidade sem Batman e entregue à sua própria loucura. Desta vez, Joaquin Phoenix não está sozinho, Lady Gaga junta-se à festa como outra das vilãs favoritas do universo do homem-morcego, Harley Quinn (será que fará esquecer Margot Robbie?).

“The Last Of The Sea Women”

De Sue Kim (11 de outubro na Apple TV+)

A portuguesa Cláudia Varejão já filmou mulheres parecidas no muito recomendável – e bonito – Ama-San, mas nunca é demais voltar a esta ideia: um grupo de mulheres que mantém uma tradição de mergulhar no mar religiosamente à pesca de marisco. O filme da portuguesa era no Japão, o de Sue Kim é na Coreia do Sul.

“Venom: A Última Dança”

De Kelly Marcel (24 de outubro)

Na última década e meia vimos os super-heróis a ficarem muito presos a universos que confluem e narrativas que se cruzam. Os vilões dos livros de banda-desenhada de onde estes universos surgem têm tido uma outra história, têm sido deixados ao abandono. Joker e Venom têm sido casos felizes; Venom em particular, porque a versão Tom Hardy é bem mais divertida — e próxima da ideia da personagem — do que as que se conhecem dos filmes do Homem-Aranha. Vejamos se o novo capítulo dá continuidade a esta filosofia.

“Conclave”

De Edward Berger (7 de novembro)

Depois do sucesso na temporada 2022/2023 com A Oeste Nada de Novo, Edward Berger regressa com Conclave, filme povoado de nomes conhecidos (Ralph Fiennes, Stanley Tucci, John Lithgow e Isabella Rossellini), em volta das intrigas e conspirações na escolha de um novo Papa. À espera do fumo branco outra vez, desta vez no cinema.

Gladiador II

De Ridley Scott (21 de novembro)

Quase um quarto de século depois de Russel Crowe se ter tornado um ícone da cultura popular (e de ainda não estarmos preparados para a forma como aquela Roma nos atingiria), Ridley Scott regressa a outro lugar onde foi feliz, para contar mais uma história sobre os jogos que tinham protagonismo entre os romanos e que ainda parecem ser assunto de sedução. Pedro Pascal, Paul Mescal, Joseph Quinn e Denzel Washington são algumas das estrelas de Gladiador II.

“Herege”

De Scott Beck e Bryan Woods (21 de novembro)

Havia de chegar o dia em que deixaríamos de ver Hugh Grant como um eterno romântico e a ganhar figura e movimentos de psicopata capaz de praticar atrocidades numa cave. Scott Beck e Bryan Woods (argumentistas de Um Lugar Silencioso) exploram aqui o que acontece a duas raparigas de religiosidade fervorosa que batem à porta de um homem aparentemente simpático.

“Eden”

De Ron Howard (5 de dezembro)

Ron Howard está de regresso e, com ele, um vasto elenco de nomes conhecidos: Ana de Armas, Vanessa Kirby, Sydney Sweeney, Jude Law, Daniel Brühl, Felix Kammerer, Toby Wallace e Richard Roxburgh. Baseado numa história verdade, Eden conta a tentativa de uns burgueses alemães, no início do século, de tentarem construir uma sociedade numa ilha dos Galápagos com os valores que achavam que deveriam ser os da verdadeira natureza humana. Já se sabe que estas coisas nunca acabam bem.

“The Room Next Door”

De Pedro Almodóvar (5 de dezembro)

Vencedor do Leão de Ouro no último Festival de Veneza, o novo filme de Pedro Almodóvar coloca lado a lado Tilda Swintone e Julianne Moore, duas amigas que se conhecem há muito tempo — trabalharam juntas numa revista quando eram mais novas — e que agora se reencontram num contexto completamente diferente, enquanto reafirmam as suas vidas e o seu lugar no mundo.

“Kraven: O Caçador”

De J.C. Chandor (5 de dezembro)

Não nos vamos iludir, é possível que Kraven seja muito mau. Até porque era para ter estreado no ano passado e tem sido adiado e adiado. Tal como Venom, é mais um filme que traz para o cinema um vilão de Homem-Aranha, um menos conhecido do grande público, mas um dos mais interessantes, desafiantes e fascinantes daquele super-herói. Não vai sair daqui nenhum Joker, mas pode ser que saia uma surpresa. Cá o esperamos.

“Mufasa: O Rei Leão”

De Barry Jenkins (19 de dezembro)

Depois da verão live-action de O Rei Leão, chega agora outro capítulo da mesma saga, um dos universos Disney mias bem sucedidos de sempre. Desta vez, conta-se a história das origens do pai de Simba, Mufasa. Realizado por Barry Jenkins (Moonlight), esta é a aposta da Disney para este Natal.

“Sonic 3: O Filme”

De Jeff Fowler (26 de dezembro)

Não poderiam faltar os videojogos. Os Sonic que estão para trás são bons filmes de entretenimento e este promete trazer um novo vilão que vai dar muito trabalho às personagens que os jogos da Sega tornaram clássicas naquele mercado. Além disso, estreia-se logo a seguir ao Natal e pode ser um ótimo programa para aqueles dias em que não se sabe o que fazer com as crianças.

“Babygirl”

De Halina Reijn (26 de dezembro)

E porque o Natal não é só das crianças, Babygirl poderá ser um ótimo filme para fechar o ano no cinema. Mais uma produção da A24, desta vez sem terror, mas com adultério. Realizado por Halina Reijn (Corpos, Corpos, Corpos) e com Nicole Kidman no papel principal, uma CEO de uma grande companhia que decide pôr tudo em risco por um caso. Juntam-se a ela Antonio Banderas e Harris Dickinson.