893kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Cinema Batalha lança cine-fotonovela de "Grand Tour", de Miguel Gomes. É “provavelmente” a primeira cine-fotonovela portuguesa

O Batalha Centro de Cinema, no Porto, decidiu produzir a que julgam ser a primeira cine-fotonovela de um filme português. Chega às livrarias esta quinta-feira, o dia da estreia de "Grande Tour".

O filme de Miguel Gomes, "Grand Tour", deu origem a uma cine-fotonovela editada pelo Batalha Centro de Cinema, no Porto
i

O filme de Miguel Gomes, "Grand Tour", deu origem a uma cine-fotonovela editada pelo Batalha Centro de Cinema, no Porto

O filme de Miguel Gomes, "Grand Tour", deu origem a uma cine-fotonovela editada pelo Batalha Centro de Cinema, no Porto

O Batalha Centro de Cinema, no Porto, vai editar a cine-fotonovela de Grand Tour, filme de Miguel Gomes que chega às salas portuguesas a 19 de setembro. Recuperando um formato esquecido, o cinema portuense arrisca-se a dizer que esta é “a primeira cine-fotonovela de origem portuguesa de que há registo”.

A ideia de adaptar o novo filme de Miguel Gomes, premiado no Festival de Cinema de Cannes com o prémio de melhor realização, inédito para o cinema português, “surge na sequência de uma exposição documental sobre este formato literário de revista que eram as cine-fotonovelas”, explica Guilherme Blanc, diretor artístico do Batalha, referindo-se a A Cine-fotonovela: Um Cinema Impresso Esquecido, exposição patente no Foyer do cinema portuense até 30 de novembro.

A capa da cine-fotonovela "Grand Tour", publicada pelo Batalha Centro de Cinema (preço: 10 euros)

Populares na Europa nas décadas de 1950 e 1960, e fortemente inspiradas pelo sucesso das fotonovelas, as cine-fotonovelas adaptavam ao formato impresso filmes daquele tempo, reutilizando fotogramas e fotografias de cena, e acrescentando-lhes balões de diálogo para as falas e legendas para a narração. Por norma, cada número recontava o filme em histórias de aproximadamente 50 páginas e 300 imagens. Mas, em Portugal, o formato não terá sido utilizado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Posso estar enganado. Na verdade, espero estar enganado, pois seria ótimo descobrir arquivos e coleções desconhecidas. Até agora, as minhas tentativas de encontrar outros registos têm-se revelado infrutíferas”, conta ao Observador o belga Jan Baetens, curador da exposição e especialista em literatura não canónica (banda desenhada, graphic novelnovelization e fotonovela). “Suponho que a razão desta “ausência” seja a situação económica de Portugal entre 1955 e 1965, em que não havia espaço para mais do que novelizações em película de pequeno formato muito baratas com algumas imagens”, atira. “Claro que depende da definição de cine-fotonovela, pois sempre existiram várias formas de cinema impresso em Portugal. Mas como o género é definido no contexto da exposição, não conheço nenhum outro exemplo deste tipo”, diz.

A exposição dedicada a cine-fotonovelas, com curadoria de Jan Baetens, está patente no Foyer do Batalha desde 5 de setembro e até 30 de novembro

Renato Cruz Santos/Batalha Centro de Cinema

Guilherme Blanc também aponta para o “período” do sucesso intenso, mas efémero, do formato, marcado por “uma produção escassa de cinema” em Portugal. “Estamos em plena ditadura. Havia uma escassez de produção e uma escassez de leitores”, convidado a especular sobre a inexistência de exemplos nacionais.

Foi neste contexto que achou oportuno adaptar um filme português a uma cine-fotonovela. O diretor artístico do Batalha pensou imediatamente em Tabu (2012), mas ao abordar Miguel Gomes o realizador sugeriu-lhe Grand Tour, mostrando-lhe o filme, que narra um grand tour asiático, desenhado pelas passadas de Edward, um funcionário público do Império Britânico, e Molly, a noiva que lhe segue o rasto, decidida a conseguir levá-lo ao altar.

Os balões de fala correspondem ao diálogo do argumento de "Grand Tour". "Todo o conteúdo parte da componente textual existente", diz Guilherme Blanc, um dos autores da cine-fotonovela

“As obras do Miguel têm uma cadência visual e narrativa apropriada e que se predispõem a este tipo de exercício. No Tabu já se notava isso. Quando vimos o Grand Tour percebemos que é um conto de aventuras e que do ponto de vista de forma é adequado”, conta.

Com carta branca — não houve qualquer grau de envolvimento do realizador na feitura da revista —, o Batalha Centro de Cinema deu início a um trabalho “meticuloso” de transpor o filme para 56 páginas que chegarão às livrarias esta quinta-feira. “Houve a generosidade [do Miguel Gomes] de nos permitir que trabalhássemos autoralmente como editores”, diz Blanc, que assina a edição da revista com David Pinho Barros, investigador e “especialista nesta matéria de banda desenhada e cinema”.

Com um interesse assumido na “precisão”, os balões de fala correspondem ao diálogo do argumento co-assinado pelo cineasta com Mariana Ricardo, Telmo Churro e Maureen Fazendeir. “Todo o conteúdo parte da componente textual existente”, diz. “É tudo retirado do filme, por opção”.

Miguel Gomes, realizador de "Grand Tour", não interveio na edição da cine-fotonovela. "Houve a generosidade de nos permitir que trabalhássemos autoralmente como editores", diz Guilherme Blanc, diretor artístico do Batalha

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

A cine-fotonovela Grand Tour tem uma tiragem de mil exemplares e será distribuída por livrarias selecionadas, como a do Batalha ou a da Cinemateca Portuguesa. “Temos em vista produzir para França, está a ser estudada essa hipótese, há esse interesse”, adianta ao Observador.

Sobre o caráter pioneiro do formato, o diretor do cinema portuense é cauteloso. “Pesquisamos em arquivos, falamos com especialistas, colecionadores, há alguns exemplares de fotonovela, mas cine-fotonovela não temos registo [em Portugal]”, diz. Ainda assim “não temos certezas absolutas”, garante, acrescentado: “Na capa da revista dizemos provavelmente”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.