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Um aluno da Escola Básica da Azambuja atacou com uma faca seis colegas, no corredor de acesso à sala de aula. “Isto foi um horror, levei os meninos até à ambulância”, descreveu uma funcionária da escola.

Quatro crianças, com idades entre os 11 e os 14 anos, foram transportados para o Hospital de Vila Franca de Xira, confirmou fonte oficial da unidade hospitalar. Tinham ferimentos ligeiros nos braços, tronco e pernas. As crianças estavam “assustadas” e a receber acompanhamento psicológico e acompanhados pelas mães, acrescentou a mesma fonte. Por volta das 21h, a Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo emitiu um comunicado onde referia que duas destas crianças já tiveram alta hospitalar. As outras duas mantêm-se em vigilância no serviço de Pediatria.

Um outro aluno, do sexo feminino, está em estado mais grave. Pelas 16 horas já deu entrada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. O Observador sabe que não corre perigo de vida. Fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Lezíria do Tejo adiantou à Lusa que as lesões da criança são ao nível do tórax e da cabeça. Um sexto aluno ferido não terá sido hospitalizado.

O agressor é filho de uma professora, de uma outra escola do mesmo agrupamento, tem 12 anos e frequentava o sétimo ano. À Rádio Observador, o presidente da Câmara da Azambuja, Silvino Lúcio, descreveu que o aluno vestia um colete à prova de bala que seria do pai. “No regresso do almoço entrou normalmente, mas, conforme iam aparecendo colegas, ia atacando indiscriminadamente”. “Está neste momento a ser acompanhado pelos psicólogos e inicialmente estaria muito conturbado, mas agora está mais calmo”, relatou ainda.

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Segundo a Lusa, a Polícia Judiciária (PJ) já está a ouvir o aluno de 12 anos. “O caso foi entregue à PJ. Vamos ouvir a criança, fazer as perícias no local e investigar”, acrescentou a mesma fonte, não adiantando mais pormenores sobre aquilo que serão os próximos procedimentos deste caso. Fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR) adiantou à Lusa que o autor das agressões ficou retido numa sala de aula à espera da Polícia Judiciária.

A GNR da Azambuja confirma que enviou uma equipa para o local que controlou o agressor e o manteve sob custódia, visto tratar-se de um menor. Em declarações às televisões, o Comandante Fonseca disse não haver ainda qualquer informação que explique o sucedido. De acordo com o militar da GNR “o jovem está calmo” e aguardava “serenamente”, à época ser ouvido pela Polícia Judiciária. “Todas as outras crianças foram entregues aos pais, com a serenidade que o momento exige”, disse ainda.

Já esta tarde, a diretora da escola publicou um “aviso” no site do Agrupamento de Escolas da Azambuja onde escreve que “a situação foi um ato isolado, estando a situação normalizada”. Esta quarta-feira, informa, “as atividades letivas decorrerão normalmente”.

Apesar de esta ser uma “situação inédita”, Filinto Lima, presidente da ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas), defende que é um acontecimento que “exige uma reação enérgica por parte da escola, no sentido de perceber os motivos que levaram esse aluno a tomar uma atitude reprovável”. “Seguramente que escola o irá suspender de imediato, que haverá um processo disciplinar e que haverá acompanhamento psicológico para todos – o envolvido e os alunos – e que a CPCJ [Comissão de Proteção de Crianças e Jovens] será informada”, remata.

Ana Paula, mãe de dois alunos na Escola Básica da Azambuja, testemunhou os momentos seguintes ao ataque. “Eu estava lá à espera dos meus filhos, era por volta das 14h30 e estava lá a aguardar e eles não desciam e um aluno apareceu a dizer que um menino estava a esfaquear os colegas”, descreveu, em declarações à SIC Notícias. “Fiquei desesperada e corri para ir ver dos meus filhos. Cheguei à escola e vi três alunos cheios de sangue. Os meninos todos a chorar e toda a gente dizia que o agressor estava contido”, afirmou ainda.

Sistema de videovigilância estava em baixo

As aulas na escola Básica da Azambuja deviam ter começado na passada segunda-feira, mas uma “intrusão”, conforme caracterizou o autarca da Azambuja, Silvino Lúcio, obrigou a uma alteração de planos. Segundo apurou o Observador, esta “intrusão” foi, na realidade, um assalto. As fontes ouvidas não conseguem precisar que tenha tido diretamente que ver com o ataque desta terça-feira, mas admitem que pode ter afetado a organização da escola e a distribuição dos funcionários pelo recinto da mesma.

Devido ao episódio de segunda-feira, a PJ não poderá recorrer às imagens de videovigilância para verificar o que aconteceu em concreto esta terça-feira. Isto porque o grupo que invadiu o espaço escolar no início da semana “arrancou a cablagem” e “destruíu quase tudo”, disse o presidente da câmara Silvino Lúcio.

Num comunicado publicado no site da Presidência, Marcelo “lamenta e repudia o incidente esta tarde ocorrido numa escola secundária perto de Lisboa” e afirma que “nenhumas circunstâncias podem legitimar um tal ato de violência”.

“A família, como a escola, a comunidade local e outras instituições essenciais para a nossa vida comum não podem ser dominadas pela violência, pela agressão, pela violação dos direitos das pessoas, de todas as pessoas, nem qualquer violação destes pode justificar a violência. E tudo devemos fazer para que comportamentos como o vivido hoje, envolvendo a agressão física a colegas, professor e outro trabalhador da escola, se não repitam”, acrescenta o chefe de Estado. O Presidente da República defende que “a situação deve ser devidamente apurada e merece não só a condenação, como a reflexão sobre a necessidade de educar para a paz, a concórdia, a tolerância e a civilidade”.

Também o chefe do Governo reagiu ao acontecimento, assim como o Ministério da Educação, que gere a rede pública de escolas portuguesas. “Condeno nos termos mais veementes o ataque ocorrido na Escola Básica na Azambuja e faço votos de plena e rápida recuperação aos alunos feridos”, escreveu o primeiro-ministro no X em reação ao ataque na escola ribatejana. “Tratou-se de um ato isolado e de um fenómeno estranho à sociedade portuguesa, mas que deve fazer refletir com sentido de responsabilidade todos os que atuam no espaço público. O Governo mantém empenho total na proteção dos cidadãos e das instituições estruturantes do nosso País, como é a escola”.

Em comunicado, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) também condenou “veemente qualquer ato de violência dentro ou fora de uma escola” e informa que “o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, entrou de imediato em contacto com a Diretora do Agrupamento para se inteirar da situação e mantém-se a acompanhar a evolução do estado de saúde dos alunos feridos, desejando-lhes a recuperação plena”, acrescenta-se na nota.