Estarão a decorrer negociações entre o Grupo Volkswagen e o construtor chinês NIO, em que em cima da mesa está a venda da fábrica da Audi na Bélgica, de acordo com o The Brussels Times. E o curioso é que a NIO não é apontada como a única interessada, o que não deixa qualquer margem de dúvida: os alemães não contam com esta unidade de produção para o futuro. Simultaneamente, estas movimentações abrem a porta para a suspeita de ser possível que até as fábricas do Grupo VW no estrangeiro possam vir a ser vendidas, como é o caso da portuguesa Autoeuropa, se não forem devidamente acauteladas.

Há cerca de dois meses, a Audi Bélgica anunciou como objectivo a reestruturação da fábrica que a marca dos quatro anéis possui no que há alguns anos era conhecido como Volkswagen Vorst ou Volkswagen Forest, por se localizar em Forest, uma das 19 comunas daquele país. Em 2006, esta linha de produção construía VW e fabricava 200.000 unidades anualmente, a maioria VW Golf. Em 2010 especializou-se no Audi A1, período em que fabricou 50.000 unidades, até que em 2018 se concentrou na produção do Audi Q8 e-tron.

Volkswagen. Fechar duas fábricas alemãs pode não ser suficiente

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Em Julho de 2024, a Audi anunciou que despediria 1410 empregados desta unidade de produção em Outubro, dos 3000 que lá trabalham, a que se iriam juntar mais 600 funcionários no início de 2025. De acordo com os responsáveis, a redução do interesse do construtor alemão nas instalações belgas deve-se à forte redução na procura do Q8 e-tron, o único modelo que hoje é ali produzido. E a situação será tão dramática que a marca germânica estará a considerar antecipar o fim da produção do seu SUV eléctrico topo de gama, tanto na versão normal (Q8 e-tron) como na forma de coupé (Q8 e-tron Sportback).

A fábrica belga do grupo alemão produz veículos eléctricos, mas baseados em modelos com plataformas destinadas a modelos a combustão, que foram adaptadas à instalação de baterias e motores eléctricos, um pouco à semelhança do que acontece com as marcas rivais BMW e Mercedes, que também não utilizam plataformas específicas para veículos exclusivamente eléctricos. Mas a Audi está mais avançada do que as suas concorrentes directas rumo à electrificação, com o A6 e o Q6 já no mercado, ambos com plataformas específicas, o que garante mais eficiência energética, menos peso e mais autonomia para a mesma bateria — vantagens de que o Q8 e-tron não usufrui.

Se a Audi deixou de precisar da fábrica belga, já os belgas não pretendem abrir mão da riqueza produzida naquelas instalações fabris, nem dos 3000 postos de trabalho. Daí que tenham sensibilizado o grupo alemão para a necessidade de vender as instalações a quem delas necessite para produzir automóveis. E se há alguém que tem necessidade de fábricas europeias, para evitar as taxas aplicadas aos veículos produzidos na China, são os construtores locais. De acordo com o The Brussels Times, um dos principais interessados é a NIO, que apresentará uma proposta para a aquisição da fábrica em Forest na próxima semana. Mas, segundo a imprensa local, a NIO pode não ser o único construtor chinês interessado na fábrica de Bruxelas.