A semana de Ricardo Costa não foi propriamente normal. Na segunda-feira, tal como aconteceu com centenas de portugueses, o treinador da equipa de andebol do Sporting foi surpreendido por um incêndio na zona de Aveiro. Num relato tenso, que ajuda a perceber a gravidade da situação, o técnico deu voz ao drama vivido por tantos outros ao longo dos últimos dias.

“Liguei o GPS e escrevi o destino final. O Google Maps e o Waze disseram que A1, A29 e N109 estavam cortadas e fizeram-me tomar a direção de Sever do Vouga. Quando dei por mim e, na companhia dos meus filhos, estava no meio do incêndio! […] Uma pessoa com um colete refletor da Junta de Freguesia, visivelmente assustada e com um ligeiro sorriso, disse-me: ‘Acho que não devias seguir por aí’. Essa rua, uns minutos mais tarde, colapsou com o incêndio. Pergunto: não seria melhor a Proteção Civil informar os cidadãos de que não deviam tomar essa direção e ficarem em segurança? É difícil de entender”, disse o treinador leonino, que estava acompanhado pelos dois filhos, Francisco e Martim, jogadores do Sporting e internacionais portugueses.

“Quando dei por mim estava no meio do incêndio”: treinador de andebol do Sporting foi surpreendido quando se dirigia para Lisboa

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Este domingo, poucos dias depois, Ricardo Costa e companhia recebiam o Benfica no Pavilhão João Rocha no primeiro dérbi de andebol do Campeonato e mais de um mês depois da Supertaça Kempa que os leões conquistaram frente aos encarnados. O Sporting surgia no 3.º lugar, mas com menos um jogo face a Marítimo e FC Porto, e o Benfica era 6.º, já que perdeu na Luz com os dragões. A rivalidade lisboeta, porém, era mais desfasada: os encarnados não vencem em casa dos leões desde outubro de 2012 e, mesmo na Luz, não ganham o dérbi desde maio de 2021.

“Teremos um duelo complicado. O mais importante é que estamos motivados, com ganas de dar o nosso melhor. Acho que temos de esquecer o que aconteceu na final da Supertaça, porque estamos a melhorar alguns aspetos da nossa estratégia. Sabemos que eles estão a atravessar um excelente momento, porém, cá estaremos para dar uma boa resposta”, disse Jota González, treinador encarnado, que lembrava que o Sporting jogou (e ganhou) a meio da semana para a Liga dos Campeões.

O Sporting entrou melhor, chegando rapidamente a uma vantagem de dois golos sem permitir nenhum do Benfica, mas os erros técnicos de parte a parte não deixavam que os leões se afastassem no marcador. A superioridade leonina era encabeçada por Martim Costa, que se assumia como o elemento mais decisivo do jogo, mas os encarnados demonstravam uma agressividade defensiva que abria a porta a um dérbi de parada e resposta — ainda que o Sporting mantivesse sempre a vantagem.

Ao intervalo, os leões estavam a vencer o Benfica por seis golos de diferença (18-12), uma vantagem conquistada graças a uma boa exibição do guarda-redes André Kristensen e a uma quebra de rendimento dos encarnados na ponta final da primeira parte, com Martim Costa a ajudar com oito golos nos 30 minutos iniciais.

A lógica manteve-se no início da segunda parte, com uma sucessão de golos nas duas balizas, mas o Sporting a manter a superioridade clara e a chegar até aos oito golos de diferença. Jota González pediu um time out para tentar corrigir o ataque errático do Benfica, mas a exibição de André Kristensen — que defendia livres de sete metros e fazia frente ao sete para seis implementado pelos encarnados — ia alavancando os leões.

O Sporting chegou à diferença de dez golos a cerca de meio da segunda parte (28-18), provocando uma explosão de entusiasmo no Pavilhão João Rocha, e o Benfica acabou por deitar a toalha ao chão. O jogo entrou numa fase mais morna, com os leões a dominarem por completo e os encarnados a assumirem por completo a lógica de controlo de danos, e já nada mudou até ao fim.

O Sporting venceu o Benfica no Pavilhão João Rocha de forma clara (38-22), igualando os 12 pontos do FC Porto na liderança do Campeonato, enquanto que os encarnados mantêm o jejum em casa dos leões e sofreram a segunda derrota na competição e novamente contra um rival direto.