A três dias do encontro com o primeiro-ministro para tentar um acordo que permita viabilizar o Orçamento do Estado para o próximo ano, Pedro Nuno Santos queixa-se do “ambiente negocial” que diz que Governo e PSD têm estado a criar. E acusa Luís Montenegro de estar “a procurar outras vias” para conseguir passar a proposta orçamental. Está no seu direito, mas não pode dizer que o PS é o parceiro preferencial”.
Durante o segundo dia de visitas a zonas afetadas pelos incêndios da semana passada, o líder disse, em resposta a uma pergunta dos jornalistas, que espera que o comportamento do Governo mude até à reunião de sexta. “Quando vemos comunicados, que são uma provocação infantil ao PS, e as declarações que vimos no Conselho Nacional” do PSD “não são de quem quer viabilizar o Orçamento” com os socialistas, avisa Pedro Nuno Santos. “Não é com intervenções como as do Conselho Nacional do PSD que se constrói um bom ambiente negocial. A não ser que, querendo viabilizar o Orçamento, não seja com o PS”, acrescentou o socialista.
Cabe ao Governo, diz Pedro Nuno Santos, “a primeira responsabilidade de criar condições” para a negociação e a viabilização do Orçamento”. “Temos um Governo que vai criando um ambiente para que isso não aconteça” e que, assim sendo, “não se pode concluir que a culpa de um chumbo seja do PS”, notou ainda o líder do partido que tem reunião marcada com o primeiro-ministro para a próxima sexta-feira.
Nesse dia, conta apresentar propostas que espera que o Governo aceite “porque isso melhora a proposta e pode garantir a viabilização do Orçamento”. Volta a dizer que até agora o Governo tem alinhadas medidas caras e injustas” que o PS considera que “devem ser substituídas por medidas que resolvem os problemas dos portugueses” — e que ainda não adiantou.
Socialista desafia Montenegro a ir ao terreno afetado pelos fogos
Quanto aos incêndios, Pedro Nuno Santos aproveitou para desafiar Montenegro a ir ao terreno: “Era importante que o primeiro-ministro estivesse a fazer o que estamos a fazer: a ouvir a população e os autarcas”. Desde segunda-feira que o líder do PS se dedicou a um roteiro pelo terreno, mas só se reuniu com autarcas do PS (o de Magualde, Arouca, Oliveira de Azeméis, Marco de Canaveses, Baião, Gondomar, Paredes e Santo Tirso). É desses que diz ter ouvido que se sentiram “abandonados” na última semana. “É inaceitável e incompreensível”, clamou o socialista.
Quanto ao primeiro-ministro, Pedro Nuno considera que “resumiu o tema dos incêndios a um tema de polícia“, lamentando não ter ouvido de Montenegro “uma palavra sobre reforma florestal, o cadastro, rentabilização das terras ou alterações climáticas”.
Deixou duas dúvidas sobre a gestão que o Governo fez da semana passada de fogos. A primeira sobre o facto de o Governo “ter recebido informação sobre alterações climatéricas na quinta-feira e o alerta para as populações só seguiu no domingo”, a segunda sobre o atraso em encerrar estradas nas zonas afetadas.