A embaixada do Afeganistão em Londres fechou esta sexta-feira as portas, na sequência da decisão dos talibãs de cortar relações com as missões diplomáticas leais ao antigo regime de Cabul.

“A embaixada da República do Afeganistão está fechada”, lê-se num papel afixado no portão em frente aos serviços consulares, segundo um jornalista da AFP.

As portas estão fechadas, mas a bandeira do antigo regime continua hasteada na fachada do edifício.

O embaixador, Zalmai Rassoul, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros afegão (2010-2013), tinha anunciado o encerramento.

“Está previsto que a Embaixada da República Islâmica do Afeganistão em Londres encerre oficialmente e cesse as suas atividades a 27 de setembro de 2024, a pedido oficial do país anfitrião”, escreveu o embaixador afegão no Reino Unido e na Irlanda na rede social X, a 8 de setembro.

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Os serviços consulares da embaixada encerraram a 20 de setembro, de acordo com a página de Internet da embaixada.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico garantiu que “esta decisão não foi tomada pelo Governo do Reino Unido” e que foi o Estado do Afeganistão que decidiu encerrar a embaixada e retirar o seu pessoal, declarou à AFP um porta-voz.

“Continuamos a apoiar o povo do Afeganistão e a prestar assistência humanitária aos mais necessitados”, acrescentou.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros recusou-se a dizer se um novo embaixador afegão será acreditado em Londres. O governo britânico não reconhece o governo talibã como legítimo e não tem relações diplomáticas oficiais com o país.

No entanto, tal como os Estados Unidos e a União Europeia, o governo britânico reconhece que “não há alternativa a um compromisso pragmático com a atual administração do Afeganistão”.

Atualmente, a representação diplomática do Reino Unido para o Afeganistão está associada à embaixada britânica em Doha, no Qatar.

Apesar da reconquista do poder pelos talibãs em agosto de 2021, as embaixadas do Afeganistão no exterior continuaram a funcionar com pessoal diplomático leal à República estabelecido durante a ocupação pelas forças ocidentais até à sua partida precipitada.

No final de julho, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo talibã declarou que “deixava de assumir a responsabilidade” pela emissão de passaportes e vistos por missões diplomáticas não reconhecidas por Cabul, nomeadamente a de Londres.

Até à data, apenas a Noruega tinha dado seguimento à decisão dos Talibãs. A embaixada afegã em Oslo fechou a 12 de setembro.

Tendo chegado ao poder após 20 anos de insurreição armada, os Talibã ainda estão a tentar obter o reconhecimento internacional. O país da Ásia Central continua a ser considerado um Estado pária, nomeadamente devido à grave discriminação das mulheres.