As autarquias das Caldas da Rainha, Óbidos e Rio Maior defenderam esta sexta-feira, na Comissão de Saúde da Assembleia da República (AR), a reavaliação da decisão de construção do novo Hospital do Oeste no Bombarral.

As três autarquias, duas do distrito de Leiria (Caldas da Rainha e Óbidos) e uma do distrito de Santarém (Rio Maior), contestam o anúncio do anterior governo socialista de construir o novo Hospital do Oeste no Bombarral (distrito de Leiria), defendendo que o Governo de Luís Montenegro tem agora “a oportunidade de reverter essa decisão”, afirmou o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vitor Marques (independente) numa audição na Comissão de Saúde da AR.

O autarca considerou que o novo hospital terá de corresponder a “uma reposta hospitalar que sirva o Oeste, mas que esteja também enquadrada na rede nacional”, defendendo que a melhor solução será a sua construção nas confluências dos concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos, ao invés de no Bombarral, como foi anunciado pelo anterior ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

A mesma posição foi defendida pelo presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel (PSD), argumentando com a proximidade desta localização às saídas das Autoestrada 8 (A8), do Itinerário Principal 6 (IP6) que liga estes concelhos a Peniche, da A15 (que liga a Rio Maior e Santarém) e à estação da Linha Ferroviária do Oeste.

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Os dois autarcas sustentaram ainda a necessidade de o novo hospital dar resposta a “milhões de turistas e milhares de trabalhadores sazonais” que visitam ou se radicam na região durante as campanhas da fruta.

A escolha da localização teve por base um estudo encomendado pela Comunidade intermunicipal do Oeste (OesteCim), que apontava o Bombarral como a localização ideal.

Em junho de 2023, o ministro Manuel Pizarro anunciou que o futuro hospital será construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, mas, além destas duas autarquias a decisão é também contestada por Rio Maior, já que várias freguesias desde concelho recorrem ao Hospital das Caldas da Rainha.

O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias (PSD), criticou que esse fator não tenha sido tido em conta no estudo que inclui entre a população alvo os concelhos de Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e parte de Mafra (todos no distrito de Lisboa) quando, “com as novas Unidades locais de Saúde implementadas, nenhum faz parte da área de influência deste hospital”.

Entre os deputados que integram a Comissão de Saúde, o PSD dividiu-se com Hugo Oliveira, das Caldas da Rainha, a defender que a decisão “foi um erro” e que deve ser “revertida” e, Marco Claudino, de Torres Vedras a sustentar apenas que “a decisão cabe ao Governo”.

O deputado socialista André Rijo alegou haver já “uma decisão política tomada” e que a sua reavaliação seria “um recuo no processo” e prestar “um péssimo trabalho à população do Oeste”.

Por isso, o PS votará contra nova avaliação da localização, manifestando até “a expectativa de que o Orçamento do Estado (OE) possa já refletir avanço”, com a cabimentação de verbas para o novo hospital.

Já o deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro “considerou que o Governo PSD “não tem capacidade política efetiva para avançar com este processo“, defendendo a hipótese de regressar a uma solução anteriormente defendida: “a construção de duas unidades de média dimensão”, uma nas Caldas da Rainha e outra em Torres Vedras.

O novo Hospital do Oeste substituirá o atual Centro Hospitalar do Oeste, que integra os hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.

Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e os de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.