Em Ponta Delgada, nos Açores, Pedro Nuno Santos esclareceu a sua posição em relação à provação do Orçamento do Estado para o próximo ano e aproveitou para responder a Marcelo Rebelo de Sousa: “Prefiro, para ser claro e frontal com todos vocês, perder eleições a defender as nossas convicções e aquilo que achamos que é o melhor para o país do que abdicar das nossas convicções para evitar eleições com medo de as perder”.

OE: Marcelo pressiona Governo e PS em nome do “interesse nacional”. “Se não se entenderem, quem passa a mandar é o terceiro”

Este sábado, o Presidente da República disse que o Partido Socialista tinha de fazer um esforço para aprovar este orçamento. “Perante o interesse nacional, o mundo como está, a Europa como está, tem de fazer um esforço [o PS] para, em relação aos princípios que seriam ideais do ponto de vista da oposição, e se fosse Governo é o que faria, perceber que tem de se ajustar, até porque não é Governo”.

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A resposta de Pedro Nuno Santos não tardou e foi dada na sessão do 19º. Congresso Regional do PS/Açores que está a decorrer no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. No mesmo discurso, o secretário-geral do PS apelou ainda para que não se ilibe o Chega de “responsabilidades políticas” e acusou o governo de radicalismo por “governar para uma minoria”, devido à proposta do IRS Jovem.

“Não façam é o favor ao Chega de o ilibar de ser também um partido com responsabilidades políticas. Não isentem o Chega de responsabilidades. Não isentem o Chega de avaliação e de crítica porque esse é o pior serviço que estão a fazer à democracia portuguesa”, atirou.

“Deixar o Chega à solta, o PS anular-se como alternativa política ao PSD, esse sim é o melhor contributo para o Chega e para degradarmos a democracia portuguesa”, vincou.

Pedro Nuno Santos recusou também as críticas do primeiro-ministro Luís Montenegro, que acusou o PS de ser radical e inflexível, afirmando que os socialistas “apenas querem a retirada de duas medidas” do OE, referindo-se à baixa do IRC e o IRS Jovem.

“Qual é a cedência do PS, perguntam vários. A cedência do PS é viabilizar um OE que não é seu. É viabilizar um OE que vai ser desenhado pelo PSD de uma ponta a outra. Não estamos a interferir nas medidas para a saúde, educação, agricultura, para economia ou defesa. Só dissemos que não queremos duas medidas em centenas de páginas”, reforçou.

O secretário-geral do PS retribuiu a acusação de radicalismo, considerando uma “fantasia” acreditar que o IRS Jovem proposto pelo Governo “irá reter jovens talentos”. “A maioria dos jovens vai beneficiar zero do IRS jovem. Radical é quem governa para a minoria”, assinalou.

Pedro Nuno Santos também criticou a redução do IRS de “forma transversal e sem critério”, defendendo que aquela redução deve ser destinada às empresas que dão um “bom destino aos lucros” por via da “valorização salarial”.

“O PS não vai capitular perante o governo. Isso não vai acontecer. Porque os 78 deputados do PS não foram eleitos para executar o programa de governo do PSD, mas o PS está disponível para ceder e viabilizar um Orçamento que em larga medida não concorda em troca de duas medidas”, insistiu.