O novo incremento da atividade sísmica na Terceira está integrado no padrão da crise sismovulcânica em curso na ilha desde junho de 2022, revelou esta segunda-feira o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
“Desde a madrugada de hoje que verificamos um incremento da sismicidade da crise no vulcão de Santa Bárbara. A crise mantém-se desde junho de 2022 e tem sido pautada por dias de maior energia libertada e associada, muitas vezes, a uma frequência diária de eventos registados mais elevada”, explicou a investigadora Rita Carmo, do CIVISA, em declarações à agência Lusa.
Dois novos sismos foram sentidos esta segunda–feira de manhã na Terceira, contabilizando-se seis eventos naquela ilha dos Açores desde as 00h00.
“O abalo mais forte ocorreu às 3h27 locais [4h27 em Lisboa] e teve magnitude 3,7 na escala de Richter, e foi amplamente sentido em toda a ilha”, explicou a investigadora.
Os outros cinco sismos sentidos desde as 00h00 tiveram magnitude inferior a 3,0.
Rita Carmo sublinhou que se “mantém o padrão de deformação” ao nível do vulcão de Santa Bárbara, uma situação registada “desde há algum tempo”.
Relativamente aos parâmetros fitoquímicos de águas e de gases, especificou que não há uma variação significativa ao nível dos dados registados nas redes permanentes e ao longo das campanhas regulares do CIVISA.
“A situação é avaliada diariamente pelo nosso gabinete de crise e mantemos o nível de alerta em V3. E, se houver alguma justificação para ser alterado, daremos de imediato informação à Proteção Civil”, referiu Rita Carmo.
Em 27 de junho, o CIVISA subiu o nível de alerta relativo ao vulcão de Santa Bárbara para V3 e o do sistema vulcânico fissural da ilha Terceira para V1.
Nos níveis de alerta vulcânico, V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, de acordo com a informação disponível na página do CIVISA. O nível V3 confirma a reativação do sistema vulcânico, existindo sinais de atividade elevada.
A investigadora afirmou que recentemente o gabinete de crise elevou o alerta científico da Crista Submarina da Serreta para V1 (fase de equilíbrio metaestável), porque os dados obtidos pela rede de monitorização CIVISA indicavam valores “ligeiramente acima dos níveis de referência”.
“A crise está centrada ao nível do vulcão de Santa Bárbara, mas existem também sistemas vulcânicos adjacentes, neste caso a Crista Submarina da Serreta e o Sistema Vulcânico Fissural da Terceira. E, por ocorrerem sismos nestes sistemas vulcânicos, alterou-se o nível para V1 porque são sistemas que estão a reajustar-se às tensões”, acrescentou.
Segundo o CIVISA, o fenómeno que está a afetar a ilha Terceira “não se pode dissociar do incremento da atividade sismovulcânica que se tem verificado na região dos Açores e, em particular, no grupo Central, desde o início de 2022”.
“O padrão de atividade observado indicia a possibilidade de continuarem a ocorrer eventos sentidos pela população, que podem, eventualmente, atingir magnitudes e intensidades superiores às registadas até à data”, é referido na página do CIVISA.
A escala de Mercalli Modificada mede os “graus de intensidade e respetiva descrição”.
Com intensidade V, considerada forte, os sismos são sentidos fora de casa, as pessoas são acordadas, os líquidos oscilam e alguns extravasam, pequenos objetos em equilíbrio instável deslocam-se ou são derrubados, as portas oscilam, fecham-se ou abrem-se, ao passo que os estores e quadros se movem e os pêndulos de relógios param ou alteram o estado de oscilação, de acordo com a descrição do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na sua página da Internet.
Com uma intensidade IV, considerada moderada, “os objetos suspensos baloiçam, a vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes, os carros estacionados balançam, as janelas, portas e loiças tremem, os vidros e loiças chocam ou tilintam e na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira rangem”, descreve o IPMA.
Segundo a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).