O chumbo do Orçamento do Estado que André Ventura disse ser “irrevogável” já não é e o líder do Chega diz mesmo que está “como sempre, disponível para um acordo”. André Ventura desafiou Luís Montenegro a formar um Governo de direita, mas ao mesmo tempo acusou-o de mentir e acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser “o perturbador de todas as instituições”.

O líder do Chega, em declarações esta segunda-feira no Parlamento, concluiu que Luís Montenegro lhe mentiu, dizendo que o líder parlamentar do PSD “confirmou que havia um acordo com o PS” nas declarações nas jornadas parlamentares. Ora, o que Hugo Soares tinha dito horas antes não era isso, mas precisamente o contrário: que nas declarações públicas (e não em negociações secretas), nunca o PS tinha dito que não estava disponível para modelar as medidas. Outra acusação de Ventura é que o Governo disse sempre que não queria negociar com o PS, o que não é verdade, uma vez que Luís Montenegro até num comunicado escreveu que o PS é o “parceiro preferencial”.

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Ainda assim, embora se sinta enganado, Ventura está disponível para se sentar a conversar com o Governo sobre o Orçamento, desde que Montenegro volte a um “ponto zero” e inclua no orçamento matérias como a luta contra a corrupção ou a descida dos impostos às empresas. “Sempre dissemos que estaríamos cá para isso. Estivemos sempre disponível para um entendimento e a construção de uma alternativa”, insistiu.

O líder do Chega admite que o “cenário mais provável” neste momento é existirem novas eleições, que acusa o Governo de querer provocar, e diz que “quem vai pagar esta crise é o País.”

André Ventura deixou ainda palavras duras para Marcelo Rebelo de Sousa, avisando o Presidente que “não é líder do Chega, nem do PS, nem do PSD” e, por isso, “obviamente que pode promover a sua opinião, mas não deve substituir-se aos partidos”. O líder do Chega diz que ao Presidente tem faltado “impercialidade” e objetividade”.

Ventura atacou ainda Marcelo por ter dito com “tom negativo” que — falhado o acordo entre PSD e PS — a decisão iria recair no terceiro partido. Para o líder do Chega, aquele que deveria ser o “garante das instituições”, está a ser “o perturbador de todas as instituições.” Exorta ainda o chefe de Estado a ter “recato” e lembra que está “no final do seu mandato”.