O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano, de 2% para 1,9%, de acordo com o relatório final ao abrigo do Artigo IV.
Em julho, nas conclusões preliminares da visita a Portugal no âmbito do Artigo IV, o FMI previa um crescimento de 2%, que reviu agora para 1,9%, número que fica abaixo do estimado pelo Governo (2%), segundo foi transmitido aos partidos nas reuniões sobre o Orçamento do Estado para 2024.
Para o FMI, “Portugal recuperou fortemente dos sucessivos choques que atingiram a economia global desde a pandemia”, como se lê na nota divulgada hoje sobre a conclusão da consulta ao abrigo do Artigo IV, sendo que o “crescimento em 2023 continuou a exceder a média da área do euro, impulsionado pelo forte consumo privado, exportações líquidas e investimento apoiado por fundos da União Europeia (UE)”.
A instituição projeta que “o crescimento deve permanecer robusto no curto prazo, e a inflação deve desacelerar ainda mais”, mas alerta que “o baixo crescimento da produtividade, o envelhecimento da população e o investimento moderado continuam a ser restrições a um maior crescimento e melhores padrões de vida no médio prazo”.
Quanto aos preços, o FMI prevê que a inflação, medida pelo Índice harmonizado de preços no consumidor, que permite comparações internacionais, será de 2,5% este ano.
Já para o saldo orçamental, o FMI mantém-se confiante de que Portugal vai registar um excedente, de 0,2% do PIB, enquanto a dívida pública deverá recuar para 94,4% do PIB.
Na avaliação do Conselho Executivo do FMI, é ainda de destacar o alerta de que “Portugal ainda enfrenta problemas estruturais de longa data de pressões demográficas, investimento insuficiente e produtividade reduzida que restringem o crescimento potencial”.
Neste cenário, os responsáveis “encorajaram as autoridades a manter uma política orçamental prudente, seguir de perto os riscos no setor financeiro e promover maior produtividade e transição verde, inclusivamente através da alavancagem contínua de fundos da UE”.