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O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou esta quarta-feira ter declarado o secretário-geral da ONU, António Guterres, “persona non grata” no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite de terça-feira. “Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos“, disse Katz num comunicado.
Terça-feira, Guterres condenou o alargamento do conflito no Médio Oriente “com escalada após escalada” e apelou a um cessar-fogo imediato após o Irão atacar Israel com mísseis. “Condeno o alargamento do conflito no Médio Oriente com escalada após escalada. Isso deve parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo”, frisou o ex-primeiro-ministro português, através da rede social X.
I condemn the broadening of the Middle East conflict with escalation after escalation.
This must stop.
We absolutely need a ceasefire.
— António Guterres (@antonioguterres) October 1, 2024
A publicação de Guterres surgiu pouco depois do início de um ataque com mísseis do Irão contra Israel. O antigo primeiro-ministro já se tinha manifestado “extremamente preocupado” com a escalada do conflito no Líbano, pedindo respeito pela “soberania e integridade territorial” deste país, horas depois de as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem iniciado uma ofensiva terrestre para deter a ameaça da milícia xiita Hezbollah, cujo líder, Hassan Nasrallah, foi morto na sexta-feira num bombardeamento israelita em Beirute.
Esta quarta-feira, após a decisão de Telavive, defendeu ter condenado implicitamente o regime iraniano na sua publicação na rede social X. “Tal como fiz em relação ao ataque iraniano de abril, e como deveria ter sido óbvio que fiz ontem [terça-feira] no contexto da condenação que expressei, condeno veementemente o ataque massivo com mísseis do Irão contra Israel”, sublinhou Guterres durante uma reunião do Conselho de Segurança realizada esta quarta-feira na ONU.
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Já o Governo português instou Israel a “reconsiderar a decisão” de declarar o secretário-geral das Nações Unidas “persona non grata”, que lamentou “profundamente”, defendendo a “missão indispensável” de António Guterres para garantir o diálogo e a paz. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros lamenta profundamente a decisão do Governo de Israel de declarar o secretário-geral da ONU, António Guterres, ‘persona non grata’”, escreveu o ministério tutelado por Paulo Rangel, na rede social X.
O MNE lamenta profundamente a decisão do Governo de Israel de declarar o SG ONU @antonioguterres “persona non grata”. A sua missão é indispensável para assegurar o diálogo, a paz e o multilateralismo. Insta-se o governo de Israel a rever a sua decisão.
— Negócios Estrangeiros PT (@nestrangeiro_pt) October 2, 2024
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, qualificou de “improdutiva” a recente decisão de Israel: “Medidas como estas não são produtivas para (Israel) melhorar a sua posição no mundo”, avaliou Miller. “A ONU realiza um trabalho extremamente importante em Gaza e na região. E a ONU, quando atua no seu melhor, pode desempenhar um papel importante em termos de segurança e estabilidade”, acrescentou o porta-voz em declarações à imprensa.