O almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, considerou esta sexta-feira ridícula a ideia de que condicionaria a decisão sobre a sua continuidade no cargo ao reforço de meios da Marinha, rejeitando ter feito qualquer exigência.

É uma ideia um bocado ridícula. Primeiro, os militares não fazem chantagem com o poder político. Pelo contrário, o poder político é que manda nos militares”, afirmou, em declarações aos jornalistas, em Lesbos, Grécia.

O Expresso escreve esta sexta-feira, sem citar fontes, que o Presidente da República gostava de reconduzir o almirante Gouveia e Melo por mais dois anos no cargo de chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) — para lhe travar uma candidatura presidencial.

Contudo, acrescenta o jornal, “o militar, que continua a liderar as sondagens para Belém, só aceitará ficar à frente da Marinha se tiver garantias de que o Governo vai aumentar o investimento de forma significativa na força naval portuguesa“.

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Gouveia e Melo exige dois submarinos e mais navios para continuar no cargo de chefe do Estado-Maior da Armada

Questionado pelos jornalistas se a sua disponibilidade para ficar mais dois anos como CEMA — o mandato termina em dezembro — depende do reforço de meios da Marinha, Gouveia e Melo recusou: “Não, é não, é não“.

Instado a responder sobre se um eventual reforço de meios condicionaria uma decisão sobre o seu futuro, nomeadamente uma candidatura presidencial, Gouveia e Melo insistiu que não.

“Não, o meu futuro está condicionado pela minha cabeça, pelo que eu acho que devo fazer e como devo contribuir para a sociedade portuguesa”, acrescentou.

Gouveia e Melo escusou-se a clarificar se tenciona ou não apresentar uma candidatura às eleições presidenciais, sublinhando que os militares no ativo devem separar essas funções “de qualquer especulação sobre um futuro que ninguém sabe o que vai ser e é um futuro incerto”.

Ainda questionado sobre as sondagens que o colocam bem posicionado numa corrida presidencial, Gouveia e Melo disse que não se orienta por sondagens porque “qualquer pessoa que se oriente pelas sondagens pode ter surpresas”.

“A decisão está na minha cabeça. Essa decisão não é revelada porque não tenho que revelar. Não alimento estados de espírito nem especulação”, disse Gouveia e Melo, que se encontra em Lesbos, Grécia, a acompanhar a visita do ministro da Defesa Nacional, à missão da Polícia Marítima na missão da força europeia de controlo de fronteiras, Frontex.

O almirante Henrique Gouveia e Melo, 63 anos, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021 e termina o seu mandato de três anos em dezembro de 2024. Os mandatos dos chefes militares podem ser prorrogáveis por dois anos.