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Viktor Bout, o traficante de armas russo também conhecido por “Mercador da Morte“, pode ter voltado ao ativo, depois de ter sido libertado de uma prisão norte-americana, para mediar um negócio de nove milhões de euros em armas automáticas com os houthis do Iémen, segundo avança o Wall Street Journal (WSJ).

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A sua libertação aconteceu durante um acordo de troca de prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos da América, com as autoridades russas a libertarem a basquetebolista norte-americana Brittney Griner, em troca do regresso a casa de Bout. Desde então já se passaram dois anos, e o “Mercador da Morte” juntou-se a um partido de extrema-direita pro-Kremlin e faz aparições periódicas na televisão russa, onde discute política e faz fortes críticas aos EUA.

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No entanto, em meados de agosto, enviados houthis terão feito uma visita a Moscovo, supostamente para comprar pesticidas e carros da marca Lada, mas acabaram por se encontrar com Bout. O negócio, diz o mesmo jornal, chegou a cerca de nove milhões de euros em armas AK-74 — versão aprimorada da conhecida AK-47 — e ou houthi saíram da Rússia sem qualquer tipo de veículo ou produto agrícola. Steve Zissou, o advogado norte-americano que defendeu o russo no seu caso nos EUA, em declarações à WSJ, não desmentiu a possibilidade do regresso de Bout à atividade.

Viktor Bout já não está envolvido no negócio de transporte de armas há mais de 20 anos, mas se tivesse recebido autorização do governo russo para facilitar esta transferência a um dos inimigos dos EUA, não seria diferente do que o governo norte-americano tem feito com a Ucrânia.

À agência estatal russa TASS, o traficante disse tratar-se de uma “acusação infundada”. Não comentou, no entanto, se está de volta ao negócio do armamento. O WSJ avança também que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, está “inclinado para categorizar esta notícia como fake news“, afastando o governo russo desta transação.

As primeiras duas entregas seriam maioritariamente compostas pelas armas automáticas previamente referidas, mas segundo fontes do WSJ, as forças russas também podem vir a incluir mísseis anti-tanque Kornet e ainda defesas antiaéreas. Adiantam que podem chegar ainda no início deste mês, sobre o disfarce de apoios alimentares, tendo sido já o método alegadamente utilizado pela Rússia para ajudar os houthis.

Antes da sua extradição para solo russo, o governo norte-americano terá feito uma avaliação dos riscos associados à extradição de Viktor Bout, acabando por considerar que não demonstrava razões para rejeitar o acordo, mas que iriam continuar a monitorizá-lo. A administração Biden reiterou múltiplas vezes a sua preocupação pelo possível fornecimento de armas russos aos houthis, como forma de retaliação pelo apoio à Ucrânia. Apesar de não terem provas do envolvimento de Bout neste alegado acordo, mesmo num negócio de pequenas dimensões como este, Washington demonstraria a sua oposição, uma vez que consideram os houthis uma organização terrorista.