A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, acusou esta segunda-feira o Governo de ter as prioridades erradas para o Orçamento do Estado (OE) para 2025 e pediu mais direitos para as pessoas que trabalham por turnos.

“O Governo de direita tem as prioridades erradas. Há 800 mil pessoas que trabalham por turnos em Portugal que não veem direitos reconhecidos”, afirmou Mariana Mortágua, na Marinha Grande (Leiria), à margem de uma reunião com vidreiros para abordar a matéria do trabalho por turnos.

Adiantando que há “profissões de desgaste muito rápido, muito intenso, muito penoso”, a dirigente do Bloco salientou que “não são as grandes multinacionais que precisam de ajuda, que precisam de reconhecimento”.

“Quem precisa de reconhecimento e de direitos são os trabalhadores, são quem faz o país avançar”, declarou.

Para Mariana Mortágua, “as prioridades estão todas ao contrário”, com o BE a defender “as prioridades no sítio certo, no salário, nos serviços públicos e na vida difícil”.

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Questionada se as prioridades do PS também estão ao contrário, a coordenadora do BE sustentou que um Orçamento que “responde pelo país tem de responder a 800 mil trabalhadores por turnos, tem de responder a profissões que têm desgaste muito rápido e muito penoso”.

Um Orçamento que não se debruça sobre as condições de vida das pessoas, sobre a vida real de quem está em Portugal, de quem quer o médico de família e não consegue, de quem fica à porta do hospital, um Orçamento que não responde por isto não responde pelo país“, prosseguiu a coordenadora do BE, que esteve acompanhada pelo deputado José Soeiro.

Considerando que “as grandes empresas não precisam de mais borlas fiscais, não precisam de ajuda”, Mariana Mortágua destacou que os “trabalhadores por turnos precisam de direitos”.

“E é nesta contradição que nós estamos. É para ela que nós queremos chamar a atenção”, declarou.

Antes, a coordenadora acusou os dois maiores partidos no parlamento de estarem “entretidos a discutir a dimensão da borla fiscal que o próximo Orçamento do Estado vai dar a grandes empresas” quando no país há 800 mil pessoas que trabalham por turnos.

Referindo-se especificamente aos vidreiros, que “trabalham com temperaturas com vão dos 40º, 50º, 60º, 70° durante todo um dia de trabalho”, Mariana Mortágua apontou ainda, entre outros aspetos, que se trata de pessoas “sem folgas todo o ano, Natal, Páscoa, Carnaval, feriados, fins de semana”.

“Isto é a realidade de milhares de pessoas em Portugal que trabalham por turnos”, apontou, anunciado que o BE vai apresentar um projeto para “reconhecer os direitos aos trabalhadores por turnos”.

Realçando que o trabalho por turnos é penoso, Mariana Mortágua defendeu que estes trabalhadores têm de ter mais férias, descanso ao fim de semana, um subsídio por turno e uma redução da idade da reforma.

No caso dos vidreiros, reclamam o estatuto de profissão de desgaste rápido, adiantou.

“Há um conjunto de profissões em Portugal, entre as quais estão os vidreiros, que não chegam à idade da reforma, vão para baixa ou reformam-se por antecipação, tendo uma penalização, porque não aguentam trabalhar até à idade da reforma”, referiu, perguntando que “país é este que obriga as pessoas a trabalhar até elas não conseguirem mais e a serem obrigadas a levar uma penalização na sua reforma, porque simplesmente fisicamente já não aguentam o trabalho que têm?”.