Vários empresários do setor de animação turística do Porto lamentaram as restrições aos veículos no centro da cidade e apelaram para que sejam removidas, defendendo que contribuem para a promoção do comércio e economia locais.

Uma semana depois da entrada em vigor do projeto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos no centro do Porto, vários empresários do setor manifestaram o seu descontentamento na Assembleia Municipal do Porto, que decorreu na segunda-feira a noite.

“Apresentamos a cidade e o nosso património. Fazemos a primeira introdução à cidade do Porto”, afirmou Ruben Batista, empresário da animação turística que, fruto da entrada em vigor do projeto-piloto tem visto a faturação da empresa “cair a pique”, com cancelamentos constantes que “põe em risco o negócio”.

“Nunca poderemos ser substituídos por transportes públicos”, defendeu o empresário, apelando para que as restrições sejam removidas e para que o município ouça os operadores.

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Também Romeu de Oliveira lamentou a “discriminação sem precedentes” ao setor e acusou o município de estar a “tentar varrer uma atividade do centro histórico”.

“Foi encetada uma autêntica caça aos tuk-tuks”, considerou, dizendo que no espaço de uma semana foram mais de 80% os cancelamentos e estimou que, até ao final do mês, os prejuízos ascendam a mais de 30 mil euros, colocando em risco oito postos de trabalho.

“Estas restrições não afetam apenas o nosso setor, mas os que dependem umbilicalmente dos nossos serviços”, lembrou, manifestando também disponibilidade para colaborar com a autarquia, mas “sem sacrificar as empresas”.

Considerando que os operadores da animação turística foram “utilizados como bode expiatório” pelo município e que os problemas de mobilidade persistem na cidade, António Teixeira lamentou que a resposta às propostas apresentadas ao município tenha sido “um sorriso cínico de que nada será mudado”.

Já Tânia Rodrigues lembrou que o propósito dos tuk-tuks é “permitir os que querem descobrir a história da cidade”, dizendo acreditar ser possível que os dois setores — transporte público e animação turística — possam coexistir na cidade.

“Como é que os membros da autarquia chegaram a conclusão de que a nossa atividade deve ser restringida? Com que base nos acusam de causar os problemas de trânsito da cidade?”, questionou.

Às preocupações de Tânia somaram-se as de Leandro Batista que questionou a pertinência “de ameaçar postos de trabalho, cancelar reservas” e atirar os trabalhadores do setor “para uma situação de precariedade”.

Também o presidente da Associação Alojamento Local Porto e Norte, David Almeida, solicitou esclarecimentos sobre o projeto-piloto, lembrando que as restrições “impactam todos”.

“Sendo o turismo o maior promotor económico do país não se compreende esta medida”, considerou, apelando para o diálogo e o agendamento de uma reunião urgente com o executivo.

Em 1 de outubro entrou em vigor um projeto-piloto de restrição ao trânsito de veículos turísticos, que durará um ano. Os operadores ficam sujeitos a um regime de autorização prévia por parte do município.

Atualmente, apenas um comboio turístico e autocarros de dois andares hop-on, hop-off podem circular numa zona delimitada no centro do Porto, ao abrigo de licenças municipais.

Como foi interposta uma ação em tribunal com vista a suspender a atribuição de licenças por parte da câmara, não há atualmente licenças para tuk-tuks ou autocarros de serviço ocasional.

O acesso, circulação e paragem para tomada e largada de passageiros podem ser autorizados pelo município “mediante a capacidade da infraestrutura” e restrições horárias.