O fabricante alemão de camiões Daimler Truck confirmou esta quarta-feira “um “atraso” no processo de fusão da Mitsubishi Fuso, sua filial, e da Hino Motors, filial do fabricante japonês de automóveis Toyota, cuja conclusão estava prevista até final de 2024.
“Embora o Acordo Definitivo para a fusão da MFTBC e da Hino estivesse previsto ser assinado até ao final de março de 2024 e a integração concluída até ao final de 2024, o processo de obtenção das autorizações e aprovações regulatórias necessárias ao abrigo da concorrência e de outras leis e regulamentos, bem como as investigações pendentes relacionadas com questões de certificação de motores da Hino, ainda estão em curso. Como tal, o calendário original foi alargado”, disse à Lusa fonte oficial da Daimler Truck Asia e da Mitsubishi Truck and Bus Corporation (MTBC), em resposta a um pedido escrito de esclarecimentos.
A Toyota, dona dos camiões Hino, e a Daimler, proprietária dos Fuso, que os alemães adquiriram à Mitsubishi e que possui uma fábrica em Portugal, em Tramagal (Abrantes), anunciaram em 30 de maio de 2023 a conclusão de um memorando de entendimento para fundir as duas marcas numa entidade única destinada à conceção e produção de veículos comerciais ligeiros e pesados, de camiões a autocarros, processo que se mantém, segundo a fonte oficial da Daimler e MTBC, mas com um “atraso” no calendário inicialmente previsto, e anunciado em 2023, que apontava para a sua conclusão até final de 2024.
“Uma vez que as negociações estão em curso, nenhum detalhe adicional sobre este tópico pode ser revelado neste momento”, pode ler-se na resposta enviada à Lusa, tendo a empresa confirmado que, “a 30 de maio de 2023, a Daimler Truck, a Mitsubishi Fuso, a Hino e a Toyota concluíram um memorando de entendimento sobre a aceleração do desenvolvimento de tecnologias avançadas e a fusão da Mitsubishi Fuso e da Hino Motors”.
As “investigações pendentes relacionadas com questões de certificação de motores da Hino”, invocadas pela fonte oficial da Daimler e MBTC estão relacionadas com o facto de, nos últimos anos, terem sido divulgadas irregularidades nos testes de certificação de veículos para o mercado japonês no seio do grupo Toyota, primeiro em algumas das filiais (Hino Motors, Daihatsu, Toyota Industries) e, desde o início de junho, na própria Toyota.
Questionado sobre se o processo negocial que envolve a Daimler Truck e a Toyota para a fusão das suas controladas, MFTBC e Hino Motors, iria ter impactos na fábrica da Fuso em Portugal, a fonte da Daimler e MFTBC disse à Lusa que “a fábrica do Tramagal irá operar de acordo com o plano de negócios para 2025”.
“Tal como em qualquer outro ano, faremos os ajustes necessários para melhor servir os nossos clientes”, declarou.
No processo de fusão em curso, e em comunicado conjunto, as duas empresas referiram em 2023 que as atividades da MTBC e da Hino Motors concentrar-se-ão numa única empresa, com a nova ‘joint-venture’ a concentrar-se no que denomina tecnologias CASE, de Connected-Autonomous-Shared-Electric.
O CEO da Toyota, Koji Sato, avançou que o objetivo é “trabalhar juntos e partilhar uma estratégia rumo à neutralidade”, com o seu homólogo da Daimler, Martin Daum, a afirmar que “este é um passo crucial para conseguir que o futuro com emissões zero funcione em termos económicos”.
Martin Daum disse ainda que o hidrogénio é incontornável nesta indústria, pelo que a nova empresa irá “trabalhar nos futuros camiões e autocarros com zero emissões”, tendo feito notar que “o hidrogénio está mais adaptado às necessidades dos veículos comerciais do que os enormes packs de baterias”.
No comunicado conjunto, é também referido que ambas as empresas terão uma participação igual no capital da nova sociedade e que esta será cotada no segmento Prime Market da Bolsa de Valores de Tóquio.
A nota divulgada esclarece ainda que a nova empresa terá acesso à tecnologia dos camiões pesados da Daimler Trucks Technologie.