O manifestante da Greve Climática Estudantil que, em fevereiro passado, atirou tinta contra o atual primeiro-ministro para exigir um “plano para o fim ao fóssil até 2030” é esta quarta-feira julgado em Lisboa, após queixa-crime de Luís Montenegro.
Luís Montenegro participava numa ação de campanha eleitoral em Lisboa, então na qualidade de líder da Aliança Democrática (AD), quando foi atingido com tinta de cor verde por um estudante, de 19 anos, daquele movimento em defesa do ambiente.
Vicente Fernandes, estudante de Ciência Política e Relações Internacionais, é o único arguido do julgamento agora marcado para o Juízo de Pequena Instância Criminal, no Campus de Justiça, e que tem como testemunhas de defesa outros elementos do grupo que exige o fim dos combustíveis fósseis.
O incidente que envolveu Montenegro inseriu-se numa onda de ações do movimento Greve Climática Estudantil pelo Fim ao Fóssil 2030.
Os membros da Greve Climática Estudantil alegam que pretendiam denunciar que “nenhum partido tinha planos para travar a crise climática” e que também Luís Montenegro “defende o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida”.
“A ciência é clara. Estamos a caminhar para o colapso climático e social. A menos que cortemos drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, não há possibilidade de termos o futuro para o qual estamos a estudar”, reiterou o movimento a propósito deste julgamento.
Matilde Ventura, testemunha de defesa neste julgamento e porta-voz do movimento, alertou em comunicado que “as secas, ondas de calor, cheias e incêndios só irão piorar enquanto os governos nada fizerem para pôr um fim aos combustíveis fósseis.”
A porta-voz do grupo diz que, “só em 2023, 1.432 pessoas morreram em Portugal devido a ondas de calor”, e acusa Montenegro de inação face ao flagelo.
A Greve Climática Estudantil convocou uma vigília de apoio a Vicente Fernandes à porta do tribunal onde vai decorrer o julgamento.